STF vê conexão com 8/1 e golpismo e decide que Moraes vai investigar caso de explosões

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A investigação da Polícia Federal sobre o ataque a bombas na praça dos Três Poderes foi enviada ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), após a corte ver conexão do ato de quarta-feira (13) com os ataques golpistas de 8 de janeiro.

Moraes autorizou, na noite de quarta, as buscas e apreensões contra endereços ligados a Francisco Wanderley Luiz, que explodiu as bombas e se matou.

Na casa de Francisco, dois explosivos foram acionados assim que a Polícia Federal abriu a porta na madrugada desta quinta-feira (14). A corporação utilizou um robô antibomba para entrar no local.

O caso ficará com Moraes por prevenção, mecanismo no Judiciário que direciona a condução de processos a determinado ministro que já atua em casos relacionados. O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, antecipou a possibilidade de o colega cuidar da investigação.

“Vou receber o inquérito. Se houver conexão com algum inquérito em curso, será distribuído por prevenção”, afirmou Barroso na noite de quarta.

Alexandre de Moraes discursou publicamente nesta quinta-feira (14) pela primeira vez após as explosões na área central de Brasília. Ele dedicou dez minutos da fala para comentar os ataques do suspeito Francisco Wanderley Luiz -chaveiro do interior de Santa Catarina que explodiu as bombas próximo ao Supremo.

O ministro disse que os autos estavam com Luís Roberto Barroso, que iria analisar “eventual prevenção das ações já em curso”.

Moraes defendeu no discurso que o caso não poderia ser olhado isoladamente, e que a ação de Francisco deve ser entendida como um prosseguimento dos atos golpistas contra o Judiciário.

“Nós não podemos ignorar o que ocorreu ontem. O que aconteceu ontem não é um fato isolado do contexto. (…) mas o contexto se iniciou lá atrás, quando o ‘gabinete do ódio’ começou a destilar discurso de ódio contra as instituições, contra o STF, principalmente contra a autonomia do Judiciário”, disse Moares.

“Isso foi se avolumando sob o falso manto de criminosas utilizações da liberdade de expressão. Ofender, ameaçar, coagir, em nenhum lugar do mundo isso é liberdade de expressão. Isso é crime. E isso foi se avolumando e resultou no 8 de janeiro.”

O “gabinete do ódio” citado por Moraes é o nome dado ao núcleo de auxiliares próximos de Bolsonaro que, segundo as investigações da Polícia Federal, teria o objetivo de espalhar notícias falsas e ataques a adversários durante a gestão do ex-presidente.

Sem citar o nome de Bolsonaro, ele voltou a apontar para a gestão do ex-presidente. “Foram instigada por pessoas, algumas com altos cargos na República. Foram instigadas a atacar. Foram instigadas a tal ponto que usem bombas para isso.”

Moraes acrescentou a defesa de união entre Judiciário, Ministério Público e Congresso Nacional. “É necessário não só que nos unamos na defesa constante pela democracia, na responsabilização total de todos aqueles que atentaram contra a democracia, porque a impunidade gera eventos como ontem. Impunidade vai gerar mais agressividade.”

CÉZAR FEITOZA / Folhapress

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