Supremacia brasileira incomoda e desafia estrangeiros na Libertadores

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O Brasil tem sido soberano na Libertadores. Pela primeira vez na história do torneio, clubes do mesmo país venceram cinco vezes consecutivas o campeonato. E a supremacia brasileira incomoda e desafia os clubes grandes de outros países.

Com dois títulos do Palmeiras, dois do Flamengo e um do Fluminense, o Brasil venceu as últimas cinco Libertadores. Isso nunca havia acontecido na história do torneio.

Em três das últimas cinco edições da competição, a final contou com dois times do Brasil. River Plate (2019) e Boca Juniors (2023) foram os ‘intrusos’.

Desde 2010, times brasileiros conquistaram 10 edições da competição de clubes mais importante do continente. A última vez que não houve representante brasileiro entre os quatro primeiros colocados foi em 2014.

O que gera a supremacia brasileira, na avaliação dos concorrentes, é a diferença financeira. Os clubes do país têm condições de contratar os melhores jogadore,s e os resultados acabam sendo consequência. Tal disparidade gera reclamações.

“Muitos jogadores estão prontos para voltar à Argentina, por exemplo, e acabam se encantando pelo futebol brasileiro pela diferença econômica”, disse Tomás Montibelli, jornalista argentino do Olé e da Rádio Mitre.

“No geral, o Brasil se destaca nas competições continentais por conta de seu investimento. Os clubes se esforçam por grandes contratações e conseguem montar melhores equipes, sendo assim são sempre favoritos e têm confirmado isso”, explicou o jornalista colombiano Richard Martínez Blanco, da Radio La Campena e do Todos Juegan.

Os brasileiros são os candidatos por uma questão lógica de poder aquisitivo, dinheiro, podem trazer os melhores jogadores assim. Todos na Argentina sabem que o Brasil é candidato pelo tema econômico Carlos Torres, jornalista da Fox Sports da Argentina

Sem condições de concorrer economicamente com os clubes brasileiros, os principais rivais na Libertadores entendem que jogar de igual para igual já é um desafio.

“No Chile, não que a supremacia do Brasil incomode, mas ela é assumida. É um desafio para os grandes clubes, neste caso o Colo-Colo, que jogará a Libertadores. Ele caiu no grupo do Fluminense, um dos principais candidatos ao título. É uma motivação este enfrentamento, que o Marcelo (lateral) venha ao Chile”, contou Jorge Gomez, jornalista da ESPN do Chile.

“A supremacia dos times brasileiros na Libertadores incomoda aos clubes colombianos. Todos gostaríamos de ver equipes de outros países sendo campeões, mas entendemos que o futebol do Brasil é o que tem melhor nível, organização e melhores times para enfrentar os diferentes campeonatos que disputam”, diz Alexandra Velásquez, jornalista colombiana do Canal Superpoderosas.

O sucesso dos brasileiros promove, ainda, uma autoavaliação. No caso dos times do Uruguai, a reflexão nasce do fracasso nas disputas recentes. O mesmo vale para os colombianos, que referem a falta de coragem para investir como fator preponderante.

“A única forma de romper a distância para o Brasil é seguir o seu exemplo. Investir para crescer e seguir investindo”, opinou Richard Martínez Blanco.

“No Uruguai se culpa mais os próprios clubes daqui por não serem competitivos. Porque muitas vezes há clubes que brigam sem ser do Brasil ou da Argentina, e ainda assim não os uruguaios. O que mais incomoda aqui não é o domínio brasileiro é que os nossos clubes não consigam nem competir”, diz Pablo Cupese, jornalista uruguaio do Ovación.

No Chile e na Colômbia existem debates sobre o formato da Libertadores. Algumas mudanças poderiam frear a supremacia brasileira.

A primeira delas seria o modelo de classificação. Ao invés do número de times por país ser definido por desempenho, ele ser exatamente o mesmo por país. Desta forma, todos teriam a mesma chance de triunfar.

“Não que isso explique o sucesso do Brasil, porque a Argentina também tem vários clubes e não tem conseguido os títulos, mas há um debate sobre a quantidade de times”, contou Jorge Gomez.

Além disso, o modelo de eliminatória também é debatido. As etapas preliminares geram debate por alijar alguns times das fases mais importantes.

“É uma imitação de baixo custo da Europa, tira a essência do nosso futebol”, explicou Richard Martínez Blanco.

MARINHO SALDANHA / Folhapress

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