Suspeito de matar CEO é transferido para Nova York e volta a ser indiciado

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O suspeito de assassinar o CEO da United Healthcare, Brian Thompson, foi transferido para Nova York após passar por audiência de custódia nesta quinta-feira (19). Ele estava em Altoone, na Pensilvânia, onde foi preso em 9 de dezembro.

Mangione deve passar por uma audiência no tribunal federal de Nova York ainda nesta quinta-feira (19). Ele foi preso após cinco dias de buscas. O suspeito foi reconhecido por clientes e funcionários do McDonald’s e carregava uma arma, um silenciador e cartões de identidades falsas no momento da prisão.

A Promotoria de Nova York tentava a transferência desde que ocorreu a prisão, mas a defesa de Mangione havia indicado que resistiria ao pedido. Nesta quinta, o suspeito concordou em ser transferido, foi questionado pelo juiz David Consiglio se entendia seus direitos e afirmou que consentia com a transferência.

Mangione foi denunciado por procuradores federais nesta quinta por quatro crimes: assassinato, duas acusações de perseguição e uma ofensa relacionada ao uso de arma de fogo.

No documento, os procuradores informam que um caderno encontrado pela polícia de Altoona na posse de Mangione continha várias páginas manuscritas que “expressam hostilidade em relação à indústria de seguros de saúde e a executivos ricos em particular.”

Uma anotação no caderno datada de 22 de outubro descrevia a intenção de “eliminar” o diretor executivo de uma empresa de seguros em sua conferência de investidores.

Formado em engenharia, Mangione disparou vários tiros contra Thompson, quando o CEO chegava em um hotel de Nova York, onde a United Health realizaria um evento com investidores. Thompson era funcionário do grupo há 20 anos e assumiu o cargo de CEO da unidade de seguros em 2021.

Imagens de câmeras de segurança mostraram que o suspeito esperou a chegada da vítima no local. Após os disparos, Mangione fugiu do local com uma bicicleta elétrica, mas foi preso cinco dias depois.

A defesa do suspeito contestou a denúncia feita nesta quinta. “A decisão relatada do governo federal de acumular acusações sobre um caso já excessivamente acusado de assassinato em primeiro grau e terrorismo estadual é altamente incomum e levanta sérias preocupações constitucionais e estatutárias de dupla penalização,” disse a advogada de Mangione, Friedman Agnifilo. “Estamos prontos para lutar contra essas acusações em qualquer tribunal em que sejam apresentadas.”

DENUNCIADO TAMBÉM PELO ESTADO

Na terça-feira (17), a Promotoria estadual de Nova York já havia indiciado Mangione por 11 crimes, incluindo assassinato em primeiro grau e assassinato como crime de terrorismo. Ele pode enfrentar uma sentença obrigatória de prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional caso seja condenado por todas as acusações.

“Esse tipo de violência armada premeditada e direcionada não pode e não será tolerada”, disse o promotor distrital de Manhattan, Alvin Bragg, em comunicado anunciando a acusação formal.

“Este foi um assassinato assustador, bem planejado e direcionado, que tinha a intenção de causar choque, atenção e intimidação”, disse Bragg aos repórteres. “A intenção era semear terror.”

Mangione sofria de dor crônica nas costas que afetava sua vida diária, segundo amigos e postagens nas redes sociais, embora não esteja claro se sua saúde pessoal teve algum papel no tiroteio.

‘SEM HEROÍSMO’

O assassinato de Thompson provocou uma onda de indignação de americanos que lutam para receber e pagar por cuidados médicos.

Os americanos pagam mais por cuidados de saúde do que qualquer outro país, com gastos em prêmios de seguro, copagamentos, produtos farmacêuticos e serviços hospitalares em alta nos últimos anos, mostram dados do governo.

As palavras “negar”, “defender” e “depor” foram escritas nas cápsulas de bala encontradas na cena do assassinato de Thompson, relataram vários meios de comunicação, evocando o título de um livro crítico à indústria de seguros.

Mangione foi celebrado em alguns círculos, e mais de mil doações foram feitas em uma arrecadação de fundos online para sua defesa legal.

A comissária de polícia de Nova York, Jessica Tisch, disse que qualquer tentativa de racionalizar as ações alegadas de Mangione era “vil”. “Não há heroísmo no que Mangione fez”, disse Tisch. “Não celebramos assassinatos e não glorificamos o assassinato de ninguém.”

A acusação acusou Mangione de assassinar Thompson com a intenção de “influenciar a política de uma unidade de governo por intimidação ou coerção.”

A United Health disse na semana passada que Mangione não era cliente da seguradora de saúde.

Redação / Folhapress

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