RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Alejandro Prevez, 30, suspeito de matar o galerista americano Brent Sikkema, 75, acredita que pode ter sido drogado ao pedir uma bebida em um restaurante no Rio de Janeiro, momentos antes da morte do galerista.
A afirmação foi feita à defensora Edna de Castro, que o visitou no Complexo Penitenciário de Bangu, nesta terça-feira (23).
Edna é da equipe do advogado Greg Andrade, que assumiu a defesa do cubano preso na quinta (25) após ser denunciado por latrocínio. Sikkema foi morto no domingo (14) com 18 facadas, a maioria no tórax e no rosto. Imagens mostram Prevez entrando na residência do galerista, na zona sul do Rio.
“Alejandro diz que não tem nenhuma memória do que ocorreu e levantou a hipótese de ter sido drogado ao pedir uma bebida em um restaurante. Ele inclusive disse isso à polícia, deu o nome de um homem que poderia ter colocado a droga na bebida, mas não houve apuração. Vamos solicitar o exame toxicológico, que não foi feito”, diz Edna.
Procurados, os delegados da Delegacia de Homicídios, que investigam o caso, não retornaram os contatos da Folha de S.Paulo.
As imagens das câmeras de segurança mostram que, às 22h42, o suspeito desce do carro e segue em direção a um restaurante na esquina da casa da vítima. Após dez minutos, retorna novamente ao veículo, e permanece até a madrugada. Ao entrar na casa, segundo a polícia, utilizando uma chave micha, ele teria cometido o crime.
Os defensores não acreditam na tese da polícia de latrocínio. “A investigação já está muito fechada. Será que não havia outra pessoa dentro da casa? Por que fechar já como latrocínio, crime que não vai para o tribunal do júri?”, afirmou o advogado Andrade.
A defesa também acredita que Prevez “seja um arquivo vivo” e solicitou seu isolamento na prisão. “Ele pode ser morto. Se houve um mandante para o crime ou outra pessoa cometeu o crime, é um arquivo vivo e corre risco”, disse Andrade.
A defesa pretende protocolar um pedido de habeas corpus nesta quarta (24).
COMO FOI O CRIME, SEGUNDO A POLÍCIA
Prevez, 30, é cubano e foi preso por suspeita do assassinato de Brent Sikkema, no Rio de Janeiro. A polícia afirma que ele saiu de São Paulo, no sábado (13) para cometer o crime e retornou ao estado logo depois.
Imagens do pedágio da rodovia Presidente Dutra auxiliaram a polícia a chegar ao paradeiro do suspeito.
O veículo utilizado no crime, um Fiat Palio, cor prata, ficou estacionado em frente ao sobrado que o americano usava para passar férias no Rio, no Jardim Botânico, zona sul da cidade.
As imagens da Dutra mostram o cubano passando pelo pedágio, na altura de Paracambi, às 13h20 de sábado (13), vindo de São Paulo, com direção ao local do crime. Ele estaciona na rua da vítima às 16h53, do mesmo dia.
Às 22h42, o suspeito desce do carro e segue em direção a um restaurante, retornando logo em seguida. O americano chega a sair de casa à noite e fica cerca de 1h30 fora da residência, retornado sozinho. Nesse período, Prevez permaneceu no carro.
O suspeito sai do carro novamente às 3h42 da madrugada de domingo, ficando, então, dentro do veículo estacionado por cerca de 11 horas até entrar na casa da vítima.
Ele utiliza, segundo os investigadores, uma chave micha, e entra no sobrado onde estava o americano. Após ficar cerca de dez minutos, ele sai da residência, entra no carro, e retorna para São Paulo.
Com o rastreamento da placa, a polícia localizou o endereço da proprietária do veículo e solicitou cooperação da Polícia Civil de São Paulo.
Os policiais civis de São Paulo foram até a residência da proprietária, localizada na Chácara Monte Alegre, na capital. Lá, encontraram o filho da dona do veículo que informou aos agentes que o carro estava sendo utilizado por Prevez, de nacionalidade cubana.
O filho da proprietária afirmou que a mãe de Prevez era amiga da sua mãe e, por isso, ela emprestou o carro após ele dizer que precisava fazer entregas. O suspeito foi preso em Minas Gerais e pretendia, segundo a polícia, fugir para a Bolívia.
Sikkema era coproprietário da galeria Sikkema Jenkins & Co, no Chelsea, dono de uma fortuna, e um dos nomes mais celebrados da cena artística mundial. Ele era marchand do artista Jeffrey Gibson, que representa os Estados Unidos na próxima Bienal de Veneza, em abril.
BRUNA FANTTI / Folhapress