SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Citroën se tornou célebre por adotar soluções inusitadas de estilo e tecnologia em seus carros. Quando a marca francesa foi incorporada pelo grupo Stellantis, o perfil inovador cedeu espaço à simplicidade, com automóveis de menor custo. Entretanto, ainda cabe um pouco de ousadia nessa nova receita, como se vê no Basalt.
O SUV compacto de estilo cupê não se destaca pelo desenho carrocerias desse tipo já são comuns no mercado, mas surpreende pela tentativa de popularizar um segmento que, até então, era povoado por carros com preços superiores a R$ 100 mil.
Para chegar ao valor inicial de R$ 89.990 na versão Feel, a Citroën optou pelo motor 1.0 flex (75 cv) desenvolvido pela Fiat. Aí está a ousadia: parece pouco para um carro espaçoso com 4,34 metros de comprimento e um porta-malas com 490 litros de capacidade.
Há um ponto que corrobora a estratégia: o peso de 1.120 kg, que é baixo para a categoria. Em comparação, o sedã compacto Fiat Cronos com a mesma motorização (R$ 95.990) tem 1.139 kg.
O Basalt mais em conta é equipado com quatro airbags, ar-condicionado, direção com assistência elétrica, central multimídia com tela de 10 polegadas, vidros e travas com acionamento elétrico, alarme e rodas de liga leve aro 16. O câmbio é manual, com cinco marchas.
Sistemas mais avançados de segurança, como frenagem autônoma e detectores de pontos cegos, não estão disponíveis em nenhuma versão.
No evento de lançamento do Basalt, em São Paulo, havia apenas uma unidade da versão 1.0 Feel disponível. O acabamento tem poucas variações de texturas, com superfícies rígidas e ásperas. É um carro simples, até rústico.
Os porta-objetos são profundos e o painel digital é colorido, mas com tons esmaecidos. É fácil perceber que diversos pontos foram feitos para custar pouco e, assim, chegar a um preço atraente.
Na hora de dar uma volta com o carro, veio a decepção. O Basalt de 75 cv não estava disponível. Apenas a versão mais cara foi oferecida para avaliação. Chamada Shine, tem motor 1.0 turbo flex (130 cv), câmbio automático do tipo CVT e custa R$ 104.990. Ainda assim, o valor é baixo diante da concorrência.
Além dos itens presentes na opção “popular”, o Citroën avaliado trazia ar-condicionado com regulagem digital, sensor de estacionamento traseiro, limitador e controlador de velocidade, revestimento mais refinado nos bancos e faróis de neblina.
Foi um teste curto, realizado dentro de uma fazenda na cidade de Cabreúva (interior de São Paulo). A disposição do motor era conhecida, já que o mesmo conjunto equipa outros modelos do grupo Stellantis. O Basalt turbinado é ágil e, de fato, parece leve.
O rodar suave permitiu superar buracos e cocurutos da estrada de terra sem fazer o motorista sofrer. Em um aclive com cascalho miúdo, o controle de tração deu conta de manter o carro no prumo, em um ajuste fino elogiável.
Mas faltou dirigir a versão sem turbo e com câmbio manual, que tem potencial para ser o Citroën mais vendido do Brasil. Embora se espere um desempenho tímido, a proposta deve fazer sucesso entre motoristas de aplicativo, além de conquistar um público que sempre sonhou com um SUV compacto, mas só encontrava opções compatíveis com o orçamento no mercado de usados.
Há mais duas opções disponíveis. Por R$ 96.990, o Basalt Feel 1.0 turbo flex agrega potência e câmbio automático ao pacote básico do SUV compacto. Já a série especial First Edition (R$ 107.390) inclui pintura em dois tons (branco perolizado com teto preto) e rodas escurecidas.
EDUARDO SODRÉ / Folhapress