SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Empenhada em demonstrar viabilidade de sua candidatura a prefeita de São Paulo, Tabata Amaral (PSB) ampliou a estrutura de campanha com um conselho interno que inclui aliados como o apresentador Luciano Huck e lançará uma série sobre sua história na tentativa de se tornar mais conhecida.
A produção, com dez episódios e ar de superprodução, marcará a entrada do marqueteiro Pedro Simões, que passou a trabalhar com ela no mês passado, após a saída de Pablo Nobel, até então responsável pela comunicação. Simões recomendou a estratégia de priorizar a internet e as redes sociais.
Tabata se aproxima da convenção do PSB que deverá oficializá-la como candidata, no próximo dia 27, com perda de protagonismo nas pesquisas de intenção de voto, isolamento partidário depois que o PSDB resolveu lançar José Luiz Datena a prefeito, e não a vice dela, como era previsto e alcance limitado.
A deputada federal marcou 7% no mais recente Datafolha, empatada tecnicamente com os nomes do segundo pelotão, Datena, com 11%, e Pablo Marçal (PRTB), com 10%. Os líderes, também em situação de empate, são Ricardo Nunes (MDB), com 24%, e Guilherme Boulos (PSOL), com 23%.
Tabata tem buscado sinalizar que sua candidatura é sólida e sustenta o discurso de que estará no segundo turno. Ao mesmo tempo, intensificou movimentações para superar o que considera seu principal problema: a baixa taxa de conhecimento. No Datafolha, os que dizem saber quem ela é são 56% desses, 23% dizem conhecê-la só de ouvir falar.
O chamado conselho estratégico, que vem se reunindo nos últimos meses e tem cerca de 20 participantes, a maioria de fora do universo político, foi montado pela deputada para opinar na condução da campanha e aproximá-la de segmentos como empresariado, terceiro setor e artistas.
“Tenho grande apreço, amizade e respeito por ela”, diz Huck, que é longevo apoiador de Tabata e afirma caminhar com ela “não por uma ou outra eleição, mas ao longo de toda a jornada”.
Também fazem parte do núcleo, entre outros: o economista Arminio Fraga, o produtor KondZilla, o ex-secretário Gabriel Chalita, os empresários Guilherme Leal, Eduardo Wurzmann e Alexandra Baldeh Loras, a editora Marisa Moreira Salles, a executiva Mafoane Odara, o ex-chanceler Celso Lafer, o cientista político Sergio Fausto e o advogado Carlos Ari Sundfeld.
“São pessoas muito próximas, nas quais ela confia”, diz Maís Moreno, advogada que coordena o grupo. Segundo ela, o grupo “bastante heterogêneo” se soma ao de técnicos e políticos que preparam o plano de governo. Parte significativa da equipe do programa é ligada ao vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).
“Nós buscamos extrair de cada conselheiro aquilo que tem de melhor para oferecer. São pessoas qualificadas em suas respectivas áreas”, afirma Maís. “E dividimos com elas algumas estratégias, algumas escolhas de posicionamento, escolhas de não posicionamento também.”
Para a coordenadora, o fato de Tabata se cercar de pessoas reconhecidas dá “um atestado de qualidade” para a candidata e ajuda a combater a imagem de inexperiente.
“Uma das críticas absolutamente infundadas, eu diria até preconceituosa, é que a Tabata seria jovem demais para o cargo que ela pleiteia. Ignora-se o fato de ela estar no segundo mandato como deputada e ter dezenas de projetos aprovados e também a ‘escola de vida’ que ela teve.”
O conselho estratégico abrange personalidades de quem Tabata se aproximou desde sua chegada à política, em 2018, quando foi eleita pela primeira vez. A avaliação da pré-campanha, no entanto, é que a congressista precisa “furar bolhas” e chegar a mais eleitores da periferia, por exemplo.
A primeira iniciativa do novo marqueteiro para tentar popularizar a candidata é a série semanal que será lançada na próxima segunda-feira (22) nas páginas de Tabata. Trata-se de uma “aposta arriscada”, nas palavras do próprio Simões, ao falar dos “vídeos mais longos”, de 7 a 10 minutos.
A expectativa é sensibilizar eleitores com o que ele chama de “uma história de novela”: a vida de uma filha de migrantes nordestinos nascida pobre na periferia de São Paulo, que progrediu graças à educação, conheceu o mundo e, depois que teve acesso ao lado rico, ficou espantada e indignada com a desigualdade na cidade onde cresceu.
“A história dela dialoga muito com São Paulo”, diz o marqueteiro, que deixou a gestão do prefeito do Rio de Janeiro e pré-candidato à reeleição, Eduardo Paes (PSD), para assumir a campanha paulistana.
Simões vê como sua principal tarefa agora ressaltar “a verdadeira Tabata, para além do desconhecimento e daquilo que às vezes as pessoas pensam dela”. Ele afirma que a deputada não demanda o trabalho que outros políticos podem dar, por não ter “esqueletos no armário”.
O marqueteiro fala em usar a “história inspiradora” da pré-candidata para “quebrar o marasmo que está sendo visto hoje na eleição em São Paulo” e “mobilizar esperança” com uma trajetória recheada de dramas, vitórias, reviravoltas e coincidências. A direção da série é do cineasta Paschoal Samora.
Simões diz que a opção pelo “digital first” não é apenas uma forma de contornar a fatia pequena de tempo de propaganda na TV e rádio que a deputada deverá ter. Segundo ele, a decisão de pensar os conteúdos para a internet e conversar com o eleitorado nas redes antecipa uma tendência inevitável.
“Mesmo que tivéssemos bastante tempo, priorizaríamos o digital porque ele nos dá sinais mais claros do que funciona ou não. O debate público está na internet. A TV é um meio de massa com muito poder, mas é um monólogo. A internet é diálogo, é um canal de mão dupla.”
Para ele, existe um desgaste com o formato eleitoral tradicional. “As pessoas estão muito desacreditadas”, opina o marqueteiro, que é otimista sobre o crescimento de Tabata baseado na informação de pesquisas de que, entre eleitores que a conhecem, a tendência de votar nela aumenta.
“À medida que as pessoas forem conhecendo a história da vida dela, vai ficar muito claro que a Tabata é a candidata mais experiente desta eleição e a mais preparada para ser prefeita, quando se olha para experiência de vida e política, realizações, tudo o que a Tabata fez em Brasília”, diz.
JOELMIR TAVARES / Folhapress