SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Imagens de câmera de segurança mostram o momento em que o estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, 22, atinge com um tapa o retrovisor de um carro da Polícia Militar. Esse teria sido o estopim para a abordagem violenta que terminou na morte do jovem, na quarta-feira (20).
O veículo em que estavam dois PMs estava parado em semáforo na avenida Conselheiro Rodrigues Alves, na Vila Mariana, zona sul de São Paulo.
Logo após o estudante dar um tapa no retrovisor do motorista, o PM do banco do passageiro desce da viatura e passa a perseguir Acosta a pé. O motorista conduz o carro para a mesma direção.
A perseguição terminou dentro de um hotel a poucos metros dali. Foi no local que o estudante foi atingido por um tiro disparado dado pelo soldado Guilherme Augusto Macedo. Acosta foi socorrido para o hospital Ipiranga, onde morreu.
O advogado da família, Roberto Guastelli, classificou a ação como uma brincadeira que não justifica a ação da PM.
“A brincadeira do rapaz não justifica a abordagem truculenta dos policiais, ainda mais que ele estava sem camisa, que demonstra que não estava armado. Uma covardia com um jovem que fez uma ‘traquinagem'”, disse para a Folha o advogado.
Segundo o defensor, as imagens mostram o contrários dos depoimentos referindo-se à versão do boletim de ocorrência em que policiais dizem ter sido acionados para atender ocorrência envolvendo o estudante.
Macedo foi indiciado pela PM por homicídio doloso, ou seja, com intenção de matar. Não havia pedido de prisão contra ele até a tarde desta sexta-feira (22). A Polícia Civil também abriu inquérito para apurar a conduta do policial. Ambos os agentes utilizavam câmera corporal.
Na noite desta quinta (21), mais de 40 horas depois de o estudante, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) usou as redes sociais para se pronunciar a respeito do caso. Em nota breve, ele lamentou o ocorrido e a conduta dos policiais envolvidos na ocorrência.
O corpo de Acosta foi velado nesta sexta em um cemitério no Morumbi, zona oeste da capital.
“Eu peço que seja feita a Justiça, que os responsáveis tenham a condenação que mereçam ter. Meu irmão era a nossa alegria. Era a alegria da minha casa. Sem ele nossa alegria foi embora. Nosso sorriso foi embora. A gente vai conviver a vida inteira com um buraco no coração”, disse o cirurgião Frank Cardenas, irmão do estudante.
PAULO EDUARDO DIAS / Folhapress