Tarcísio diz sem apresentar provas que PCC orientou voto em Boulos, que reage: ‘Que vergonha’

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Sem apresentar provas, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou neste domingo (27) que integrantes da facção criminosa PCC orientaram familiares e apoiadores a votarem em Guilherme Boulos (PSOL) para prefeito de São Paulo.

A declaração foi dada a jornalistas no colégio Miguel Cervantes, na zona sul, local de votação do governador. Ele estava ao lado de Ricardo Nunes (MDB), prefeito, candidato à reeleição e seu aliado.

Logo em seguida, Boulos reagiu à declaração do governador bolsonarista: “Que vergonha, né. Nada mais a dizer, é o candidato que ele apoia [Ricardo Nunes] que botou o PCC na Prefeitura de SP”. A resposta do candidato do PSOL faz referência às investigações sobre atuação da facção no sistema de ônibus.

Boulos afirmou ainda que irá à Justiça contra o governador de São Paulo, cotado para a disputa presidencial de 2026, já que seu principal aliado, Jair Bolsonaro, está inelegível até 2030.

Os últimos momentos da campanha de São Paulo têm sido de ataques pesados.

Neste sábado (26), a primeira-dama Janja e apoiadoras de Boulos divulgaram vídeo para relembrar o registro policial de violência doméstica feito pela esposa de Nunes contra ele em 2011. Logo após a divulgação do vídeo, Nunes reagiu: “A Janja fez isso? Que baixaria”.

Já neste domingo, em entrevista, Tarcísio foi questionado por uma jornalista sobre a violência em algumas campanhas.

“A gente vem alertando sobre isso há muito tempo. Nós fizemos um trabalho grande de inteligência. Então a gente pegou e reforçou o policiamento nas grandes cidades onde está tendo segundo turno”, respondeu o governador. “Vamos aí ter muitas conversas com o Tribunal Regional Eleitoral para ver os relatórios que mostram os locais que tiveram conexão com o crime organizado.”

Tarcísio foi em seguida indagado sobre o que aconteceu na capital. “Houve interceptação de conversas e de orientações que eram emanadas de presídios de uma facção criminosa orientando determinadas pessoas de determinadas áreas a votarem em determinados candidatos.”

Em seguida, o governador foi questionado pela Folha sobre qual era o candidato indicado pelo PCC em São Paulo, ao que Tarcísio respondeu: “Boulos”.

A reportagem procurou a assessoria do governo do estado por volta das 12h em busca de mais informações sobre o que foi declarado por Tarcísio.

Às 15h50, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo se manifestou por meio de nota: “A Secretaria de Segurança Pública informa que o Sistema de Inteligência da Polícia Militar interceptou a circulação de mensagens atribuídas a uma facção criminosa determinando a escolha de candidatos a prefeitura nos municípios de Sumaré, Santos e Capital. A Polícia Civil investiga a origem das mensagens”.

Segundo o governador, as cidades do estado que têm segundo turno estão contando com uma grande mobilização policial neste domingo (27). O governador disse também que, até o momento, as eleições estão ocorrendo de forma tranquila e cumprimentou o TRE-SP pelo trabalho.

Sobre o resultado das eleições em São Paulo, o principal cabo eleitoral de Nunes disse estar otimista. “As pesquisas têm mostrado uma grande vantagem do Ricardo, e nós trabalhamos muito nesse período para mostrarmos o projeto que temos para São Paulo e as realizações”, disse.

À Folha o governador ainda disse que considerou a campanha de 2024, na qual atuou como apoiador, mais difícil do que a de 2022, quando foi candidato ao governo.

VICTÓRIA CÓCOLO E CARLOS PETROCILO / Folhapress

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