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Taron Egerton, em ‘Cortina de Fumaça’, encara chamas e discute masculinidade tóxica

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um casal que acabou de ter um bebê, um homem que pediu a namorada em casamento, uma mulher que foi promovida no trabalho. Todos eles são vítimas de um incendiário em série em “Cortina de Fumaça”, da Apple TV+. Ao ouvir histórias de alegrias alheias, o criminoso escolhe suas vítimas e queima lares, lojas e veículos que encontra pelo caminho.

A equação se complica, porém, quando o investigador do caso percebe que há um segundo incendiário na cidadezinha fictícia de Umberland, nos Estados Unidos. Seus alvos e modus operandi são diferentes, mas eles são igualmente perigosos.

Vivido por Taron Egerton, Dave Gudsen está há anos com o caso, sem conseguir identificar ou ao menos parar a dupla criminosa. Por isso, recebe reforço de Michelle Calderone, detetive de polícia vivida por Jurnee Smollett. A princípio, há conflito, mas eles logo entram em sinergia.

Ambos da dupla são atormentados pelo passado. Gudsen, ex-bombeiro, tem pesadelos frequentes com a vez em que ficou preso numa casa em chamas. Calderone, rebaixada da divisão de narcóticos, é assombrada pelo ex-chefe abusivo, que também era seu amante, numa relação torpe de desejo e poder.

Lançado nesta semana, “Cortina de Fumaça” marca mais uma parceria entre Egerto, o criador Dennis Lehane e o Apple TV+, após “Black Bird”. É também mais uma série com orçamento substancial e grande apuro técnico –um produto de televisão “premium”, como muitos gostam de classificar séries com valor de produção acima da média.

Nem por isso foi fácil para Lehane convencer a plataforma a usar efeitos especiais práticos, em vez de simplesmente simular incêndios no computador.

O criador e produtor, que também é romancista e já viu sua escrita ganhar as telas em outras produções marcadas pela violência, como “Sobre Meninos e Lobos” e “Ilha do Medo”, rejeita o atual uso desenfreado de CGI –imagens geradas por computação, normalmente aplicadas sobre telas verdes que estão fisicamente no estúdio–, e defende uma abordagem mais artesanal.

Por isso, adaptou um estúdio no Canadá com materiais à prova de fogo e o incendiou para algumas cenas de “Cortina de Fumaça”. Profissionais de efeitos especiais, paramédicos e bombeiros acompanhavam as tomadas, que usavam CGI de forma limitada. “Quando não era uma necessidade, eu dizia não [para a computação], desde que a segurança de todos pudesse ser garantida”, diz Lehane.

“Eu não sei se tive medo [na hora de gravar], mas foi uma experiência muito intensa”, diz Egerton, que passa vários minutos de série cercado por chamas. “É muito quente, muito opressor, muito desconfortável. Você precisa tomar cuidado com a forma que respira. Mas me ajudou muito, porque me forçava a viver o momento. A tela verde é a morte para qualquer ator, então os efeitos práticos garantem certa magia para esta série.”

“Cortina de Fumaça” é livremente baseado no podcast “Firebug”, que por sua vez tomou como base para seu roteiro a história real de John Leonard Orr, incendiário serial que fez o sul da Califórnia queimar entre 1984 e 1991.

A equipe da série, porém, buscou distanciamento do personagem. Estavam mais interessados no fato de ele ter descrito vários de seus crimes, em detalhes, num romance. Orr vislumbrava a ideia de ser um grande romancista, num estranho delírio movido por ideias distorcidas de ego e virilidade, outros temas que fazem “Cortina de Fumaça” pegar fogo.

“Ele foi um cara que criou versões de si mesmo dentro da própria cabeça. Dentro do livro que escreveu, ele era o herói que perseguia o vilão, o incendiário –que na vida real era ele mesmo. É uma história maluca”, diz Lehane. “Então eu tomei essa premissa, tomei algumas das particularidades dos incêndios que ele causava, e fui para a ficção.”

Todos os personagens da trama se relacionam, de alguma forma, com as expectativas e cobranças que depositamos sobre nós mesmos. Numa das cenas, ao impedir um incêndio, o personagem de Egerton tem uma ereção. Com uma enorme e fálica marca na calça, ele sorri satisfeito, mostrando que a periculosidade do ofício é uma forma estranha de reafirmar sua masculinidade.

“Existe certa agressividade na ideia de ser masculino, e o lance com o meu personagem é que ele não entende que nossa maior força, às vezes, está na vulnerabilidade, na maneira como você se conecta consigo mesmo, não com a imagem que apresenta aos outros”, diz Egerton.

“É um personagem que só consegue se ver dentro de um arquétipo, da ideia de herói. É muito tóxico. Não sou eu que estou dizendo, temos vários exemplos de masculinidade tóxica em lugares importantes no mundo hoje. Esse culto do homem forte é uma discussão assustadoramente relevante em 2025.”

CORTINA DE FUMAÇA

– Quando Estreia nesta sexta (27), no Apple TV+

– Classificação 16 anos

– Elenco Taron Egerton, Jurnee Smollett e Greg Kinnear

– Produção EUA, 2025

– Criação Dennis Lehane

LEONARDO SANCHEZ / Folhapress

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