SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Criadora de “Rebelde Way” (que inspirou as diversas versões de “Rebelde”), “Floricienta” (que ganhou a versão brasileira “Floribella”) e de “Chiquititas”, Cris Morena é considerada a rainha latina dos dramas adolescentes e juvenis no audiovisual. Agora, a argentina de 66 anos passa por uma nova prova de fogo com “Te Amar Dói”, série que chegou à HBO Max na última quinta-feira (17).
Assim como seus sucessos anteriores, o seriado é entrelaçado por dezenas de números musicais. Desta vez, no entanto, o pano de fundo é mais tenso e real. Juan Gris (Roberto Aguilar) é um jovem periférico que luta para sobreviver enquanto o futuro de seu bairro é ameaçado pelo projeto de uma grande construtora.
Apaixonado por música, ele acaba tendo seu destino cruzado por Lola Robles (Mar Sordo), uma jovem de classe alta que busca ascender em sua carreira como atriz. Por um desencontro, ela está atrasada para a apresentação de seu musical, e Juan, que acaba de roubar uma espécie de charrete, topa dar uma carona. Apenas pelo olhar, os dois se apaixonam e passam a lutar por seus sonhos, ameaçados por um amor incerto.
O romance, como na maioria dos projetos anteriores da autora, é o que dá cor a “Te Amar Dói”. Segundo ela, os jovens não mudaram nos últimos 10 anos, quando ela lançou seu último trabalho para a televisão, e, muito menos, a relação das pessoas com o amor. “A diferença é que agora não importa tanto se você se apaixona por uma mulher, por outro rapaz ou por um outro gênero. O amor sempre prevalece. E quem não busca o amor? Se alguém diz que não quer amar, que não quer sentir nada, eu já suspeito dessa pessoa”, afirma Cris Morena, em entrevista por vídeo ao F5.
A música também tem um papel social na trama, protagonizada por jovens marginalizados “seja pela sociedade ou pelo amor”. Para Cris, esse é o grande clique que o nome da série dá ao espectador. Não é o amor propriamente que dói, e sim o que é necessário enfrentar a fim de se ter crescimento. “A criança, quando aprende a caminhar, vai cair muitas vezes, e isso pode doer. Mas, se você não tenta por medo de cair, nunca vai aprender a caminhar”, explica.
Com 13 episódios na primeira temporada, o projeto acabou funcionando como um renascimento pessoal para a autora. Romina Yan, atriz e filha de Cris, morreu em 2010, aos 36 anos, vítima de uma parada cardíaca. “Assim é a vida, feita de muitas alegrias e algumas tristezas. No meu caso, caí muitas vezes, levantei outras tantas”, avalia ela. “A vida não é sempre cor-de-rosa. E eu agradeço muito por todas as quedas, porque sempre me levantei, e isso é o mais importante.”
Se “Te Amar Dói” vai repetir o sucesso de outras obras de Cris Morena, o tempo dirá –até porque ela diz nunca saber muito bem o que faz com que suas criações alcancem esse status. “Sempre me perguntam isso (risos). Eu não tenho segredos. Eu acredito mesmo, sem lorotas, que meus projetos dão certo porque os faço com entusiasmo, com meu coração e com tanto desejo que acabam funcionando. Minhas coisas são bem-feitas e coloco tanta paixão que não tem como errar”, afirma.
JÚLIO BOLL / Folhapress