SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O PCS Lab Saleme, laboratório que está sob investigação por emitir laudos com falsos negativos para HIV no Rio de Janeiro, divulgou exames de cinco pacientes do Hospital Estadual Carlos Chagas com a assinatura da técnica em patologia clínica Jacqueline Iris Bacellar de Assis, 36. Ela nega que tenha assinado qualquer documento enquanto trabalhava no local.
O laboratório está sob investigação por emitir exames com falsos negativos para HIV no Rio de Janeiro, sendo que a assinatura de Jacqueline aparece em um dos testes. Os erros cometidos no PCS Lab Saleme fizeram com que seis pacientes recebessem transplantes de órgãos infectados com o vírus.
Presa na terça-feira (15), Jacqueline é acusada pelo laboratório de ter apresentado um diploma falso para exercer o cargo de biomédica. Assim, ela teria assinado e liberado diversos laudos de exames realizados no local, mas sem a competência necessária para isso.
Nos cinco documentos divulgados, a funcionária teria assinado testes de creatinina, ureia, glicose e hemogramas para o Hospital Carlos Chagas, que presta atendimento aos moradores da zona norte e da zona oeste do estado do Rio de Janeiro.
Nos exames, está escrito “conferido e liberado por Jacqueline Iris Bacellar de Assis”, além da assinatura. Abaixo do nome, no entanto, há o registro profissional de uma biomédica que mora no Recife e está com o registro suspenso.
Vinculada ao Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro, Jacqueline teria somente uma especialização em patologia clínica. Seu advogado, José Félix, afirma que ela encaminhava os resultados dos exames para um médico do laboratório, mas não os assinava.
De acordo com resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), técnicos em patologia clínica podem realizar atividades relacionadas à coleta, processamento e análise de amostras biológicas, desde que estejam treinados e atuem sob supervisão de profissionais de nível superior.
O Conselho Regional de Farmácia afirmou, em nota, que suspendeu o registro da técnica de forma preventiva.
Em nota, a defesa da funcionária diz que Jaqueline “jamais cursou faculdade ou atuou como Biomédica durante sua carreira e, principalmente, junto ao laboratório investigado”.
O PCS Lab Saleme afirmou que a técnica “informou ao laboratório diploma de biomédica e carteira profissional com habilitação em patologia clínica”. A clínica enviou o print de uma conversa com Jaqueline em que ela teria enviado o diploma da Unopar.
Os advogados da funcionária alegam, no entanto, que a mensagem de texto que contém o diploma de biomédica é falsa.
“Assim como os pacientes, Jaqueline é vítima do laboratório que manipulou e forjou mensagens, documentos e laudos, utilizando-se indevidamente de seu nome, adulterando a sua qualificação, motivos pelos quais tem plena certeza de que tudo será constatado através da investigação policial e que os devidos culpados responderão pelo ato”, diz a nota da defesa.
LAIZ MENEZES / Folhapress