Técnico do Santos recorda desemprego e aprova apelido de ‘Presuntinho’

Foto: Raul Barreta / Santos Futebol Clube

SANTOS, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Novo técnico do Santos, Marcelo Fernandes concedeu entrevista coletiva neste domingo (1º), após a vitória por 4 a 1 sobre o Vasco, na Vila Belmiro, pela 25ª rodada do Campeonato Brasileiro.

Efetivação: “Internamente o Gallo conversou comigo a respeito disso e sou o treinador do Santos hoje”.

Apelido de Presuntinho: “Eu levo para o lado carinhoso, mas tenho um nome, né? (…). Só agradeço o carinho do torcedor, não tem problema nenhum”.

Volta ao Santos: “Há 40 dias atrás eu estava desempregado. Aconteceram coisas inadmissíveis. Não pode chegar alguém e dizer que não pode trabalhar com um outro. Alguém que ajuda. Não, tem que trabalhar, sim. É o justo”.

Relação com Gallo: “Tive a felicidade de trabalhar com ele como jogador, joguei anos e anos e temos amizade muito grande. Figura importante no começo, chegou em momento difícil, abraçou a ideia e faz grande trabalho”.

Efetivação

“Internamente o Gallo conversou comigo a respeito disso e sou o treinador do Santos hoje”.

Desfalques

“Não trabalhamos em querer fazer situação dessa, os jogadores estão bem focados no que deve ser feito. Temos caminho longo. Pedimos simplicidade no dia a dia. Soteldo é um baita jogador, se dedica ao extremo e tem essa irreverência. Já falamos que não era para ser feito, ele reconheceu e pediu desculpa. Num lance que não precisava acontecer, acabamos perdendo jogadores. Ele se desculpou com a gente e vida que segue. Fez baita partida, tem se dedicado muito, dia a dia maravilhoso. Já foi contornado e não vai acontecer mais”.

Jogadas ensaiadas

“Eu falo porque voltei com o Diego Aguirre e ele pegava muito no pé e demos sequência ao que pensava. Claro que com a mudança dos três zagueiros, eu comentei com ele sobre isso ao auxiliar e ele optou. O treinamento é sempre estudando adversário, a casquinha do Dodô é bem produtiva, o Joaquim é marcada e o Dodô vem como surpresa. Na bola morta, hoje foi o Rincón. Ganhamos contra o Bahia na bola parada e hoje criamos muito por baixo também, tendo humildade para marcar. Vasco é grande equipe, nos dificultou muito. Kevyson deu a volta por cima, levantou a cabeça e fez grande segundo tempo. Essas duas vitórias nos deixam muito confiantes, mas não tem oba oba. Pé no chão e um longo caminho pela frente”.

Conversa com o Gallo e apoio da torcida

“A torcida… Sou suspeito em falar pois já estive lá. Tenho um título no clube e sempre que sou designado são momentos turbulentos e Deus sempre me abençoa. É um trabalho sério, coeso com o treinador que está. Os treinadores infelizmente saem pelos resultados e somos obrigados a pegar. Torcida fechou com a gente em momento ruim, acreditaram, nos incentivam”.

“Gallo eu tive a felicidade de trabalhar com ele como jogador, joguei anos e anos e temos amizade muito grande. Figura importante no começo, chegou em momento difícil, abraçou a ideia e faz grande trabalho. Conversa tranquila, ele me comunicou que vou ser o treinador, sim, mas só quero me preocupar com dia a dia, quanto vai ser ou não. Problema agora é ajudar ao máximo o Santos”.

Apelido de Presuntinho e mudança de capitão

“Antes do Bahia, o João Paulo nos procurou e pediu para dar um tempo da faixa. Estava um pouco pressionado, queria oxigenar o grupo. Falei para ele segurar contra o Bahia, jogo arriscado, mas de repente mudar ali e possível derrota geraria confusão. Ele entendeu, conversamos que íamos trocar para esse jogo. Rincón dispensa comentários, veio da Europa, com condição de jogo espetacular e liderança nata. Não é qualquer um que joga na Juventus e é titular de sua seleção. Importante ter capitão no meio-campo, posição estratégica. E o João está mais tranquilo, mais leve. O importante é vencer dois confrontos diretos”.

“Eu levo para o lado carinhoso, mas tenho um nome, né? Quero ganhar, se Deus quiser com essa molecada que é muito boa, muito boa. Só de ver a felicidade depois de momentos que nada aconteciam. O que importa é ganhar jogo. Só agradeço o carinho do torcedor, não tem problema nenhum”.

Joaquim de líbero

“Foi troca por causa do Vegetti, sim. Grande profissional, está despontando. O Vasco é a segunda equipe em cruzamentos, o Piton é quem mais cruza. O Joaquim, pela velocidade e imposição, jogou por dentro e deu certo, Basso teve boa saída pela direita e Dodô pela esquerda. Casou bem. Vamos pensar e vai depender dos próximos adversários”.

Peso fora do Z-4

“É motivação a mais, jogadores ficam aliviados, mas deixei claro antes da reza que não chegamos em lugar nenhum. Só vamos continuar fora se nos dedicarmos, com afinco, como hoje. Não podemos achar que está bom. Sou o número 1 para pegar no pé. Sou chato no dia a dia, falo o que é errado ou certo, sempre fiz isso e me ajuda agora porque estou tomando conta do time. Situação não é nada cômoda. Vamos trabalhar duro para continuar fora dessa zona”.

Marcação no Vegetti e Lucas Lima

“Kevyson foi acidente de profissão, foi chutar no gol e deu azar. Lucas Lima é importantíssimo, um cara que tem condição técnica elevada. Eu cobro muito a respeito disso [finalização]. Teve duas chances, a primeira ele tocou para o Jean Lucas e tinha que ter chutado, mas poderia sair o gol do Jean. Pegamos no pé dele para definir. A gente precisa terminar a jogada, se for gol show, mas se não for ficamos postados e descansamos. Treinamos muito na semana, deixando Kevyson para cruzar, Braga para trás, a bola que sai do Kevyson e vai por dentro… Treinamos à exaustão o jogo do Vasco, fomos felizes. Estão todos de parabéns. A vitória é exclusiva dos jogadores, junto com a torcida e essa atmosfera”.

As mudanças

“O que me ajuda é tempo de casa, a liberdade com os atletas. Um mais um é dois, é o real, sem bajular ninguém. Quem manda é isso aqui, ninguém é maior que isso [aponta para o escudo]. Jogamos por isso. Fui jogador e os jogadores gostam. Mas é difícil chegar e ter intimidade com A ou B. Não tinha intimidade com Mendoza, Messias, os que chegaram, mas eles querem ajudar e damos confiança, é trabalho. Me irritava o volante pegar a bola e tocar para o goleiro, acabou isso. Tem que jogar no campo dos caras. Se são bons como são, vamos quebrar para o Joaquim resvelar. Se forem bons, sobem, por que vou arriscar? Entenderam e brigam por isso. Hoje saímos com Basso e Dodô sempre mirando o Marcos Leonardo. Temos problema de altura, então temos que enxergar e saber as limitações. Diminuir os erros”.

Marcos Leonardo

“Importantíssimo, não mede esforços para ajudar. Nos ajuda muito com os facões, é artilheiro nato, sempre foi. Imprescindível. O Marcos é um menino de ouro. Estava aqui antes do problema de poder sair, Europa. Ele merece, mas vai sair pela porta da frente. A escolha foi muito boa. Está arrebentando e vai arrebentar mais”.

Desfalques

“Temos que tocar a música conforme toca. Montamos a equipe pro Bahia, encaixava bem. A primeira aspiração, além de jogar, era ter cinco homens protegendo bem a zaga pois temos jogadores de alto nível no ataque. O Braga, eu tenho que falar dele, foi assim com o Carille e arrebentou nessa função. Estava na minha cabeça isso, trabalhamos e todos entenderam. O Kevyson também, nos corredores precisamos ter quem está na forma física ideal. Hoje mantivemos o esquema, o Vasco nos dava isso. Estávamos preocupados com Pec e Marlon Gomes pelo pé trocado, virando para dentro para os laterais. Soubemos neutralizar, o começo foi difícil. Vamos estudar o Palmeiras, eles jogam na quinta. Vamos trabalhar e o importante é que está dando certo”.

Ideias

“Três zagueiros é por ter dois passadores, Dodô e Basso. Joaquim é rápido, invertemos por causa do Vegetti e é bom inverter o corredor para o Dodô livre acertar o passe entrelinhas. Havia espaço para Jean Lucas e Lucas Lima pegarem a bola entre volantes e zagueiros deles. Dodô tem muita técnica, entendeu bem. E é tudo pelo Santos. Estamos aqui nos doando, molecada dá a vida e vamos trabalhar forte até o final”.

Emocional

“Nós temos uma psicológica no time que trabalha muito, a Juliane é eficaz e ajuda muito. É dar confiança. No jogo contra o Bahia tomamos um a zero e viramos o jogo. No vestiário eu falei que desde o primeiro dia que iríamos virar. Não sou mãe Diná. Mas temos condições! Isso ajudou muito para eles entenderem hoje. Vasco é uma grande equipe, jogo dificílimo! O que eu peço é não aceitar pressão do adversário, ter coragem! Ter ímpeto. Competir o tempo todo. Falei pra eles: se a gente não competir o tempo todo?? Compete! Se eles acertarem uma bola na gaveta, que seja por mérito deles, mas não por passividade nossa, não. Se não competir, não ganha. O futebol brasileiro é difícil”.

Futuro:

“Eu comecei aqui em 2011, o Muricy me pegou pelo braço pra eu ser auxiliar. E eu tive o prazer de trabalhar só com o fera. Tudo que eu faço hoje a gente lembra do Muryci, Osvaldo, Claudinei. É que nem jogador, você vai colocando e ele vai pegando casca. Quando me efetivou como auxiliar, eu adorava. Surgiu papo de que o Marcelo tá lá e o treinador tá ali. Eu sou amigo de todos. Fábio Carille e Diniz me mandaram mensagem. Eu nunca precisei passar por cima de ninguém. Fui campeão paulista em 2015. eu quero crescer na minha vida, mas não vou ficar jogando conversa no vento, eu tenho uma hierarquia. O Gallo já tinha conversado comigo e com a direção para me deixar à vontade após o Diego Aguirre. Eu vou dar a vida por isso aqui. Meu futuro tá ali, eu só quero trabalho. Há 40 dias estava desempregado. Fiquei por um ano. É inadmissível. Não pode chegar alguém e dizer que não pode trabalhar com um outro. Alguém que ajuda. Não, tem que trabalhar, sim. É o justo. Fui campeão paulista, representei o Cuca na Libertadores. Quero crescer na vida, mas sem implorar, jogar conversa no ar, passar por cima. Tenho hierarquia a seguir. É trabalhar, não me envolvo com política. Amo o Santos. É muito bom ser campeão, fomos campeões em cima do Palmeiras. Quero ser campeão. estar na hora certa no lugar certo como estou e ajudar”.

LUCAS MUSETTI PERAZOLLI / Folhapress

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