FOLHAPRESS – “Tekken 8” é um peso pesado. Não só pelos seus mais de 30 personagens, cada um com uma centena de técnicas de luta, modos de jogo variados e uma imensidão de estratégias para quem se dedicar a destrinchar seu sistema de batalha. Mas porque o game retoma a franquia, nove anos após seu último lançamento, com o poder que a nova geração de consoles pode oferecer, com visuais realistas impressionantes e uma jogabilidade complexa e ágil.
À parte gostos pessoais, o novo “Tekken”, franquia de luta que se destacou ainda nos anos 1990 por saber conduzir o gênero no ambiente 3D, põe a franquia a par dos avanços da concorrência, como “Street Fighter 6”, lançado no ano passado, e “Mortal Kombat 1” –que teve lá seus deslizes, mas trouxe boas mudanças ao game sanguinário.
Para um jogo desse tipo, onde a repetição e o aprendizado são fundamentais, a inclusão do esquema de golpes facilitado para iniciantes é muito bem-vindo –e será obrigatório para todos os títulos vindouros. Os elitistas de plantão terão de se acostumar na marra com esse recurso democrático e, claro, opcional.
O de “Tekken 8”, aliás, tem uma vantagem em relação ao de “Street Fighter 6”, já que ele pode ser ativado ou desativado durante as batalhas apertando um atalho, encorajando os jogadores casuais a alternarem quando se sentirem mais confortáveis.
Ajuda muito poder fazer sequências de golpes, os combos, com poucos botões, mas vale o aviso de que aqui ainda será preciso certa destreza para se sair bem –é preciso entender a dinâmica dos ataques altos, médios e baixos, como defendê-los, como se esquivar tridimensionalmente, e qual a lógica das batalhas, muito mais mano a mano que “Street Fighter” ou “Marvel vs. Capcom”, por exemplo, cheios de ataques mágicos, saltos etc.
Nesse sentido, “Tekken 8” favorece os jogadores agressivos, que partem para cima do oponente e aproveitam um deslize para encadear golpes com a ajuda do novo “Heat System”. É uma barra de energia que já começa cheia a cada round e pode ser ativada desde o começo, deixando o personagem em fúria, permitindo uma série de ataques diferentes, além de um especial que tira bastante vida do inimigo.
Há ainda o “Rage Art”, uma técnica que causa muito dano e é liberada quando o lutador está prestes a ser nocauteado.
Por isso, mesmo para jogadores experientes, a lista de golpes de cada personagem é uma leitura obrigatória –e vê-se a dedicação dos desenvolvedores em explicar cada um deles, com recomendações de uso.
Para quem não entende nada de “Tekken”, o modo Missão Arcade é a porta de entrada lúdica, no qual o jogador cria um avatar personalizado –que remete àqueles do Xbox 360– e embarca numa aventura, conhecendo as bases do game.
Há ainda o tradicional modo campanha, batizado de “O Despertar das Trevas”, de pegada cinematográfica, recheado de cutscenes, dando seguimento à eterna briga entre Jin Kazama –o mocinho que tenta lidar com os poderes demoníacos da sua família– e seu pai, Kazuya Mishima –o típico vilão misantropo e sem escrúpulos, disposto a vender sua alma para dominar o mundo.
É um prato cheio para quem não se importa em acompanhar uma narrativa patética e exagerada, com uma variada fauna de personagens saindo no soco para proteger o mundo –de lutadores de artes marciais a brucutus americanos até coquettes, robôs e um urso panda.
A campanha funciona também apresentar os rostos inéditos, como Reina, da família Mishima, Victor Chevalier, uma espécie de John Wick francês, e a lutadora de MMA peruana Azucena, viciada em café.
Mas a história não se alonga. São 15 capítulos que duram cerca de quatro horas, e o modo Missão Arcade soma mais duas ou três. Há ainda as breves histórias individuais dos personagens e o divertido modo Tekken Ball –uma batalha ao estilo vôlei, em que o oponente só leva dano ao ser atingido por uma bola– que dão mais variedade aos modos de jogo.
Mas claro que a maior parte do tempo será gasto nas partidas online, com boa estabilidade de conexão. Além das partidas rápidas, é possível navegar por um grande saguão e encontrar jogadores do mundo todo, e com cross-play.
Falando da versão para PC, é um jogo que demanda bastante da sua máquina e torna quase obrigatório a instalação do título, que pesa cerca de 90 GB, em um SSD –disco rígido mais eficiente já adotado em consoles como o PlayStation 5. Isso porque, nos meus testes, as partidas demoravam até 40 segundos para carregar em um HDD, contra até 15 segundos no SSD.
Para um jogo em que as partidas não costumam demorar muito, poder saltar de uma partida para outra rapidamente é essencial para não ficar entediado ou frustrar seus oponentes online. Isso considerando ainda toda sorte de ajustes gráficos para evitar travamentos.
A Bandai Namco poderia investir em mais otimização do game, vide o alto custo do título –R$ 350 nos consoles e R$ 270 nos PCs. A cópia cedida para esta crítica, aliás, ficou injogável por mais de uma semana, travada na tela inicial, o que só foi resolvido em uma atualização pós-lançamento.
Para o bem e para o mal, “Tekken 8” mostra ter o peso de um título da nova geração, mas tem de tudo para perdurar como “Tekken 7”, oferecendo um admirável novo mundo de porradaria.
O repórter recebeu uma cópia do jogo com acesso antecipado para teste
TEKKEN 8
Avaliação: Muito bom
Onde: Disponível para PS5, Xbox Series X|S e PC
Preço: A partir de R$ 269 (PC) e R$ 349 (PS5 e Xbox Series X|S)
Classificação: 12 anos
Desenvolvedora: Bandai Namco Entertainment
HENRIQUE ARTUNI / Folhapress