Telegram muda informações sobre moderação de conteúdo após prisão de CEO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Telegram atualizou informações em sua página sobre a moderação de conteúdo em conversas privadas, após a prisão do fundador e CEO Pavel Durov na França.

A empresa removeu da página de perguntas frequentes em inglês a afirmação de que não processava pedidos relacionados a chats privados.

Até quinta-feira (5), a resposta para a pergunta “há conteúdo ilegal no Telegram, como faço para retirá-lo?” era: “Todos os bate-papos do Telegram e bate-papos em grupo são privados entre seus participantes. Não processamos nenhuma solicitação relacionada a eles”.

O texto foi substituído por: “Todos os aplicativos do Telegram têm botões ‘Denunciar’ que permitem sinalizar conteúdo ilegal para nossos moderadores —com apenas alguns toques”.

A informação foi divulgada pelos sites The Verge e Tech Crunch e confirmada pela reportagem.

Ao portal The Verge, o porta-voz do Telegram, Remi Vaughn, disse que, no Telegram, sempre foi possível denunciar mensagens de qualquer grupo aos moderadores” e que “as conversas privadas continuam privadas, embora sempre tenha sido possível denunciar um novo chat recebido aos moderadores usando a opção Bloquear > Denunciar”.

“Qualquer pessoa pode verificar o código-fonte aberto do Telegram e constatar que não houve mudanças. A alteração no FAQ apenas tornou mais claro como denunciar conteúdo no Telegram, inclusive via DSA (Lei de Serviços Digitais da UE). O texto removido nunca esteve relacionado à denúncia de conteúdo.”

A alteração não foi refletida na versão em português do site. Procurado, o Telegram não respondeu se a mudança será global até a publicação desta reportagem.

A troca ocorre quase duas semanas após Durov ser detido por autoridades francesas, que o acusaram de permitir a disseminação de material de abuso sexual infantil e tráfico de drogas na plataforma.

Em seu primeiro pronunciamento desde a prisão, nesta quinta-feira (5), Durov admitiu que o crescimento do Telegram para 950 milhões de usuários trouxe “dores” que facilitaram o abuso da plataforma por criminosos.

Ele afirmou ter como “objetivo pessoal” melhorar significativamente essa questão e que a França fez uma “abordagem equivocada” ao acusá-lo de crimes de terceiros na plataforma.

“As alegações em alguns meios de comunicação de que o Telegram é uma espécie de paraíso anárquico são absolutamente falsas. Removemos milhões de postagens e canais prejudiciais todos os dias”, diz.

LAURA INTRIERI / Folhapress

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