Temporais deixam cinco mortos e mais de 200 desabrigados no RS

PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – As chuvas que atingem o Rio Grande do Sul nos últimos dias já deixaram ao menos cinco mortos, seis feridos, rodovias bloqueadas e 293 pessoas fora de casa. Também há pessoas desaparecidas. Até o começo da noite desta terça (30), ao menos 77 cidades gaúchas registravam danos e ocorrências por causa dos temporais.

Há pelo menos 36 trechos de rodovias estaduais e 11 federais estão sob bloqueio total no estado, por queda de barreiras, submersão de pistas e desmoronamento.

Em Paverama, no vale do rio Taquari, duas pessoas que estavam em um veículo morreram após serem arrastadas pela correnteza ao passar sobre uma estrada alagada. De acordo com a Polícia Civil, o corpo do motorista, um idoso de 69 anos, foi localizado na noite de segunda-feira (29) dentro do carro. A outra vítima, passageiro do veículo, foi encontrada próxima a um arroio na manhã desta terça.

A Defesa Civil investiga outra morte em Pântano Grande, e informações preliminares apontam que a causa foi uma descarga elétrica após o temporal.

Em Santa Tereza, uma ponte de concreto foi levada pela enxurrada enquanto a prefeita da cidade, Gisele Caumo (PP), gravava um vídeo de alerta próximo ao local. No vídeo, é possível ver o curso do arroio Marrecão quase no mesmo nível da ponte, que já estava com uma parte danificada, quando a força da água fez a estrutura ruir.

Em Faxinal do Soturno, na região central do RS, uma ponte de ferro caiu na zona rural e outra foi danificada na ERS-348, que conecta a cidade ao município de Ivorá.

Em Roca Sales, cidade que contabilizou 13 mortes na enchente do rio Taquari em setembro do ano passado, foi registrado um caso de soterramento de uma residência. Forças de regate estavam a caminho do lugar para averiguar se há feridos

O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) alerta que as chuvas devem se intensificar na região Sul, em quase todo o território gaúcho e o sul de Santa Catarina, entre quarta e quinta-feira (2), com alto volume e acompanhadas de trovoadas e vendavais. Estão previstas chuvas de até 100 mm/dia, queda de granizo e risco de ventos entre 60 a 100 km/h. Há a possibilidade de alguns pontos do estado alcançarem até 300mm entre a madrugada de quarta e a tarde de quinta-feira (2).

O governador Eduardo Leite (PSDB) alertou para a previsão de mais temporais ao longo da semana e disse que o cenário meteorológico é “bastante grave”. Segundo ele, “não há condições de precisar, neste momento, todos os efeitos que acontecerão em rios ou onde ventos possam formar até tornados”.

Conforme modelos de previsão de cheias da Sala de Situação da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, o volume de chuva que se projeta até sexta-feira (3) pode causar cheias semelhantes às de novembro do ano passado, uma das maiores da história do Rio Grande do Sul.

O alerta maior é para a região do Vale do Caí, onde o rio já ultrapassou a cota de inundação nas quatro estações fluviométricas ao longo do curso. Em São Sebastião do Caí, parte da população começou a deixar suas casas. A cidade, que enfrentou a pior cheia de sua história em novembro, foi afetada por quatro enchentes diferentes nos últimos 12 meses. Em Estrela, no Vale do Taquari, o curso d’água também está acima da cota.

Também se estima que trechos das bacias hidrográficas do Alto e Baixo Jacuí, nos municípios de Espumoso, Salto do Jacuí e Dona Francisca, passem da cota de inundação a partir de quarta-feira (1º). As cheias devem afetar os municípios de Cachoeira do Sul e Rio Pardo no fim da noite.

A partir de quinta, esse volume de água deve chegar à região das ilhas de Porto Alegre e cidades da região metropolitana.

Leite fez uma transmissão ao vivo acompanhado do chefe da Defesa Civil estadual, coronel Luciano Chaves Boeira, e Cátia Valente, meteorologista da Sala de Situação, para apontar as tendências de aumento das chuvas em diferentes regiões do estado.

O governador pediu que a população evite sair de casa, e faça apenas “deslocamentos estritamente necessários”. “As pontes e estradas são construídas para uma média do tempo, não para situações extremas, como as que estão acontecendo”, disse.

Pelas redes sociais, Leite comunicou que pediu ao ministro da Defesa José Múcio Monteiro e ao Comando Militar do Sul o apoio de embarcações, helicópteros e efetivos para atuar nas regiões mais afetadas.

CARLOS VILLELA / Folhapress

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