Terraplana mistura guitarras abrasivas e vocais angelicais em seu segundo disco

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – No clipe de “Todo Dia”, uma das faixas do novo disco da Terraplana, vemos os membros da banda numa bucólica casinha rural. Um deles faz café enquanto outra se banha nas águas do rio, e pela tela passam cenas de cavalos, galhos ao vento e a água da chuva batendo no vidro. O preto e branco das imagens acentua a melancolia do cenário e de seus personagens.

Na letra, Stephani Heuczuk e Vinícius Lourenço se alternam cantando o tédio absoluto de um domingo à tarde no interior — eu já cansei de ficar aqui/ não vou esperar/ só quero ver as luas passando/ não vou mais voltar. Eles alongam as palavras, de modo a casar o que dizem com o instrumental igualmente arrastado.

Até que, no terço final da música, as guitarras ganham vida, ficam raivosas. “Todo Dia”, portanto, mostra ao ouvinte os principais elementos em torno do qual “Natural”, o recém-lançado segundo álbum da banda, se organiza —vocais delicados e guitarras abrasivas.

Com essa assinatura sonora, o quarteto remete o ouvinte ao “shoegaze”, estilo de música surgido no Reino Unido, no final dos anos 1980, que praticamente inventou a dualidade de vocais angelicais com guitarras barulhentas e do qual os maiores expoentes são os irlandeses do My Bloody Valentine.

Mas o vocalista e guitarrista Vinícius Lourenço conta que a Terraplana nunca quis se prender ao “shoegaze”. “Mais do que pensar em influências, a gente conseguiu achar um jeito de colocar a própria identidade de cada um, do jeito que a gente gosta, nas músicas”, ele diz, em entrevista por vídeo desde Nova York, onde a banda concluiu há pouco uma série de nove shows nos Estados Unidos.

A baixista e vocalista Stephani Heuczuk afirma que as referências musicais da banda ficaram na cabeça dos integrantes de alguma forma, e que isso naturalmente se reflete nas composições. “A parte só sai e a gente pensa ‘parece meio Sonic Youth’, mas a música inteira não precisa parecer Sonic Youth, a gente tem outras coisas para agregar”, ela diz, em alusão ao grupo de rock de Nova York que fez história por seu trabalho com as guitarras.

O Terraplana surgiu em 2017, em Curitiba, e desde então vem conquistando fãs na cena independente Brasil afora, com sua música que agrada tanto ao jovem do TikTok quanto ao roqueiro antigo que ouvia “shoegaze” nos anos 1990. Com pouco mais de meia hora de duração, o novo disco chega num ótimo momento para o grupo.

“Natural” foi escolhido em março como disco da semana pelo influente site americano de música independente Stereogum e lançado com shows no festival South by Southwest, em Austin, no Texas, onde bandas que querem estourar mostram seu som para um público antenado.

Neste sábado, o Terraplana apresenta o show do novo disco em São Paulo, em uma única apresentação no Sesc Belenzinho, antes de seguir em turnê para Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis, Rio de Janeiro e duas cidades na Argentina —Rosário e Buenos Aires.

TERRAPLANA LANÇA O DISCO ‘NATURAL’

– Quando 5 de abril, sábado, 20h30

– Onde Sesc Belenzinho – r. Padre Adelino, 1000, São Paulo

– Preço De R$ 18 a R$ 60

– Classificação Livre

– Link: https://www.sescsp.org.br/programacao/terraplana-4/

JOÃO PERASSOLO / Folhapress

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