SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O terreno contaminado que abrigou uma garagem de ônibus e era alvo de disputa entre moradores na Vila Leopoldina, na zona oeste de São Paulo, ficou de fora do projeto urbanístico assinado pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) no último dia 20.
Como o subsolo e a água subterrânea são contaminados por combustíveis automotivos, a área iria abrigar moradias populares na versão original do PIU (Projeto de Intervenção Urbana) Leopoldina. As construções foram deslocadas para um terreno próximo.
A mudança foi formalizada em junho de 2019 quando a área da ex-garagem de ônibus foi incluída em um programa de construção de moradia popular da prefeitura em parceria com a iniciativa privada. O consórcio formado por cinco empresas Construtora e Incorporadora Faleiros Ltda., Construtora Itajaí Ltda., HE Engenharia, Comércio e Representações Ltda. e Saned Engenharia e Empreendimentos S.A assinou contrato para a construção de 995 unidades habitacionais após vencer o edital de concorrência. O acordo não está relacionado ao PIU Leopoldina.
Ainda não há previsão para o início das obras porque, segundo a Cohab (Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo), foi necessária a atualização dos estudos ambientais, executados pela concessionária com repasses da administração municipal. “Assim que concluídos, os estudos vão ser submetidos à Cetesb junto com o respectivo plano de intervenção atualizado. Superada essa fase, os trabalhos de remediação serão iniciados”, disse a pasta em nota.
Apresentados entre abril e junho do ano passado, dois relatórios de investigação ambiental apresentaram a necessidade de remover 1.853,21 m² do solo contaminado, o que representa 5,2 toneladas de cimento e terra a serem retirados até a profundidade de 2,5 metros. O estudo foi pago pela Cohab e orçado em R$ 4,7 milhões.
Em relação às águas subterrâneas, a medida indicada pelo estudo foi a instalação de uma estação de tratamento de esgoto pelo período mínimo de seis meses.
O terreno foi alvo de disputa por moradores de duas favelas e de um conjunto habitacional que serão removidos durante as obras de intervenção urbana. O projeto prevê o reassentamento de 1.200 famílias que vivem, atualmente, de forma precária. São essas unidades habitacionais que seriam erguidas no terreno contaminado e foram realocadas para uma área a cerca de 2 quilômetros de distância.
A área escolhida pertence à empresa Votorantim, que tem interesse em fazer um polo corporativo na região. Para isso, em vez de pagar uma taxa à prefeitura para construir no local com restrições impostos pela Lei de Zoneamento, a companhia propôs a construção de conjuntos habitacionais para reassentar os moradores das favelas que serão removidas.
De acordo com a Altre Invest, braço de investimento imobiliário da Votorantim, serão entregues 853 novas moradias. Há a previsão de que os empreendimentos de interesse social incluam, no térreo, escolas, unidades de saúde, além de serviços e comércios.
Procurado, o consórcio Uno Habitação S.A. disse que não pode se pronunciar sobre o assunto devido a cláusulas contratuais.
MARIANA ZYLBERKAN / Folhapress