SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O terreno do Grupo Silvio Santos aos fundos do Teatro Oficina, na região central de São Paulo, abriga um estacionamento irregular há anos. Comerciantes, moradores, frequentadores de espetáculos e até o Serviço de Apoio à Remoção -popularmente chamado de rapa-, serviço terceirizado ligado à gestão municipal, usam o espaço por R$ 7 ao dia.
Na última terça-feira (6), a prefeitura vistoriou o local. A empresa responsável pelo estacionamento não apresentou licença de funcionamento e foi notificada a regularizar a situação em até um mês.
A reportagem procurou o Grupo Silvio Santos nesta sexta (9), por email e telefone, mas não obteve retorno.
Quanto aos veículos terceirizados, a gestão Ricardo Nunes (MDB) afirma ter pedido o remanejo, que não havia ocorrido até a tarde desta sexta, quando a reportagem esteve no local.
Segundo pessoas ouvidas pela Folha de S.Paulo nesta tarde, o estacionamento funciona desde 2010. Nenhuma placa identifica a empresa proprietária, e a guarda é feita por somente um funcionário.
O terreno tem o tamanho de um campo de futebol (11 mil metros quadrados) e é murado por todos os lados.
Havia no local um acesso aos fundos do teatro projetado por Lina Bo Bardi, por meio dos chamados Arcos do Beco do Teatro Oficina, mas, na manhã da última segunda (5), integrantes da companhia foram surpreendidos por funcionários do Grupo Silvio Santos fechando os arcos com tijolos, em mais um capítulo da disputa travada há anos.
O conflito era encabeçado pelo dramaturgo José Celso Martinez Corrêa, fundador do Teatro Oficina, morto em julho de 2023. Ele tentou transformar aquela área no parque do Rio Bixiga.
Em dezembro, um acordo entre Ministério Público e Prefeitura de São Paulo tornou possível a criação do parque.
A tratativa definiu a destinação de R$ 51 milhões para a implantação do espaço verde. A verba é proveniente de um acordo judicial com a Uninove e deve ser usada de forma prioritária para a aquisição ou desapropriação do terreno de Silvio Santos.
BRUNO LUCCA / Folhapress