Tesouro Nacional e Banco Central e fazem leilões para tentar segurar escaladas do dólar e dos juros futuros e o que importa no mercado

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Tesouro Nacional e Banco Central e fazem leilões para tentar segurar escaladas do dólar e dos juros futuros. Se você tivesse que adivinhar qual moeda bateu recorde de alta frente ao real ontem, qual seria? Stanley faz recall de copos que podem causar acidentes e o mercado de luxo perde vendas com mundo sem dinheiro para o supérfluo e o que importa no mercado

*MAIS JUROS?*

Quem está de olho no noticiário econômico leu a palavra juros em todos os cantos –termo que costuma causar arrepios no leitor. Nos juros, as expectativas ditam a realidade, o que pode ser bom ou ruim. Depende, como sempre.

O que preocupa? O mercado financeiro não confia na política econômica de Lula e de Fernando Haddad. Está decepcionado com as decisões tomadas pela gestão, e sobretudo, com o pacote de corte de gastos apresentado pelo ministro da Fazenda.

↳ Essa é a análise de economistas do Bradesco em relatório publicado na quarta-feira (18), compartilhada por pares.

↳ Agentes da economia veem os gastos do governo como excessivos e consideram que as medidas estipuladas para fechar os cofres foram brandas demais.

Me empresta… Para ter fluxo de pagamentos (dinheiro!), o governo vende títulos de dívida pelo Tesouro Nacional. A maior parte desses papeis é indexada ou à inflação (representada pelo IPCA), ou à taxa Selic.

Em títulos pré-fixados, a taxa que vai ditar o rendimento é exposta no momento da compra;

No pós-fixados, o rendimento é ditado por como está o definidor em um momento exposto no contrato.

Problema! O que acontece agora é que o mercado percebeu que os títulos públicos vão render mais no futuro (se for confirmada essa alta de juros prevista). Por isso, os investidores querem uma taxa de rendimento muito alta para comprar os títulos do governo.

Isso derruba o preço desses ativos, uma vez que há muita oferta disponível, e poucos interessados.

Solução? O Tesouro Nacional faz uma bateria de leilões de títulos públicos para tentar a acalmar o mercado financeiro. Eles ocorreram ontem e acontecem hoje e amanhã.

Para a entidade, não é bom que as pessoas não estejam interessadas em comprar títulos da dívida pública, pois ela precisa desse dinheiro para compor o fluxo de pagamentos.

O que o governo faz agora é comprar títulos que vencem a curto prazo e vender títulos que têm um vencimento mais longo. Tiram do mercado o que parece pouco valioso, e deixa o que mais interessa quem negocia.

↳ Essa estratégia ajuda a aumentar o preço dos títulos e diminuir a taxa de juros.

*MAIS UM RECORDE, ADIVINHA DE QUEM?*

Você piscou e o dólar subiu mais um pouco. Terminou o pregão de ontem aos R$ 6,26, mais um recorde.

Retomando. O contexto geral da economia brasileira é de insegurança. Sentindo pouca firmeza, os investidores procuram ativos que consideram seguros –o dólar é um deles.

Se quiser usar o jargão do mercado para o momento incerto, pode dizer que “as expectativas estão desancoradas”.

↳ Quanto mais saem dólares, mais cara fica a moeda. É mais ou menos nesse pé em que estamos. Uma explicação mais extensa você encontra na edição da quarta-feira (18) desta newsletter.

Um olho no peixe…O mercado financeiro está com atenção voltada para a Câmara dos Deputados. Lá, tramita o pacote de corte de gastos de Haddad, que promete equilibrar as contas públicas e aumentar a segurança na política econômica.

É uma forma de segurar os ânimos, e quem sabe, o câmbio também.

↳ A parte aprovada prevê corte de 15% nas emendas parlamentares para cumprir os limites do arcabouço fiscal.

Em coletiva de imprensa na tarde de ontem, Haddad disse que não acredita que movimentos especulativos estejam jogando o dólar para cima. Para ele, intervenções como leilões ajudam a coibir essas atividades.

↳ Especulação é quando investidores querem lucrar com a volatilidade dos preços de um ativo. Compram e vendem muito rápido para receber, o que acaba mexendo com os preços.

…outro no gato. Ainda, prestaram atenção na decisão do Federal Reserve –o Banco Central dos EUA– de reduzir a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual. Lá, a taxa é um intervalo: de 4,25% a 4,50%.

↳ A autoridade monetária prevê 0,50 ponto de corte para o próximo ano.

↳ O mercado esperava um corte maior da taxa para o fim de 2024. Conservador na redução, o Fed mostra estar mais cauteloso na redução dos juros. Diante disso, o dólar valorizou-se em comparação com muitas moedas, incluindo a nossa.

Em resumo, o dólar está valorizando-se frente a boa parte das moedas no mundo. Entretanto, o cenário doméstico brasileiro não ajuda o real a participar com mais vigor dessa briga.

*VERÃO, PRAIA, BEBIDA… FORA DO COPO STANLEY.*

A marca anunciou um recall de garrafas térmicas no Brasil após identificar que a tampa de determinados modelos pode se soltar inesperadamente, causando risco de queimaduras aos usuários. Houve três no país, segundo a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor).

De 2016 a 2023, os brasileiros compraram mais de 401 mil unidades de dois modelos de garrafas térmicas com defeito – 290.125 canecas Switchback Travel e 111.086 canecas Trigger Action.

⚠️Atenção! Se você tiver algum desses dois modelos, de código 20-01436 e 20-02824, fabricados entre maio de 2016 e 2023, procure a Stanley no telefone 0800-0213278, no email [email protected] ou na seção garantia vitalícia do site www.stanley1913.com.br.

A empresa vai fazer a substituição sem custo.

🔄 Repeteco. Em 12 de dezembro, a marca americana anunciou o recolhimento de 2,6 milhões de canecas de viagem nos EUA, depois que dezenas de usuários se queimaram com líquido quente.

Qual a diferença? Ele segura temperaturas –tanto altas, quanto baixas– por muito mais tempo do que um copo térmico comum.

↳ No interior dele, há placas de aço cirúrgico e um vácuo que os separa. Essa estrutura impede a troca de calor com o ambiente e prolonga o tempo de resfriamento ou aquecimento do conteúdo do recipiente.

#StanleyCup. Foi usando as redes sociais, sobretudo o Tik Tok, que a receita da Stanley saiu de US$ 70 milhões em 2019 para US$ 750 milhões em 2023.

Ao menos é o que a presidente da empresa para a América Latina e Ásia, Andréa Martins, em entrevista à Bloomberg Línea.

Lançaram cores que atraem os mais novos e divulgaram o produto em parcerias com criadores de conteúdo, e os produtos, sobretudo o copo Quencher, bombaram.

Foi lançada uma edição especial do item em colaboração com a cantora Olivia Rodrigo, de 21 anos, popular entre os adolescentes americanos.

No Brasil…o copo ganhou popularidade primeiro entre fãs de sertanejo e funk, que publicaram o produto nas redes divulgando a função de manter a cerveja gelada.

*SEM LUXO*

Quando os preços sobem, sobra pouco espaço para o supérfluo. Com isso, quem vende o que é “desejado” mas não “necessário” se dá mal.

As receitas das principais marcas de luxo estão em queda, e o mercado se pergunta como reverter a desaceleração. Vamos aos exemplos…

…As vendas da francesa LVMH caíram tanto na frente de roupas, quanto na de itens de couro. A receita da unidade chave da holding, que administra Louis Vuitton e Christian Dior, recuou 5% no terceiro trimestre em relação ao anterior.

…A Kering, dona da Gucci, deve ter o menor lucro anual desde 2016. As vendas da marca reduziram em 25% no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior.

Como chegamos aqui? Nas duas últimas décadas, o mercado da moda e do luxo expandiu-se como nunca.

US$ 400 bilhões era o tamanho do mercado de bens de luxo em 2023. Em 2000, ele valia US$ 100 bilhões.

US$ 1 trilhão é a soma das capitalizações das dez empresas mais valiosas do setor aristocrático. Em 2013, a cifra era US$ 300 bilhões.

Os dados são da consultoria Bain, que aponta dois motivos para o crescimento.

↳ Na globalização, lojas que antes só atingiam o público das principais capitais da moda, como Londres e Paris, passaram a ter um alcance muito maior. A China teve um papel importantíssimo– com uma população endinheirada em expansão, adotou-as.

↳ A adaptabilidade das companhias também ajudou. Percebendo o desejo das classes que têm uma grana sobrando, mas não muita, criaram produtos mais baratos que levam suas insígnias, como lenços e meias, que custam a partir de US$ 200.

A título de comparação, uma bolsa pequena da Gucci custa US$ 3.800.

O problema…é que mesmo quem tinha muito dinheiro, não está afim de gastar tanto assim. Nos países ocidentais, a inflação e os juros altos complicaram as finanças pessoais. Não sobra para gastar em elegância.

Com a democratização das marcas, em seguida veio a tendência oposta: ao se acharem muito populares, decidiram descolar-se desse público. Marcas como a Prada determinaram aumentos de preço em toda a sua linha.

Caso China. O mercado imobiliário por lá está crescendo em um ritmo mais lento do que há alguns anos atrás. Com isso, o consumo doméstico anda desacelerado. As pessoas têm medo de perder dinheiro em um futuro próximo, e reduziu os gastos com frivolidades.

Nem tudo está perdido. Logos que miram no público mais rico que os ricos, como a Hermès e a Brunello Cucinelli, continuam crescendo. Ainda há muita gente querendo andar com casacos de US$ 6 mil por aí.

*O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER*

CONGRESSO NACIONAL

Câmara desidrata pacote de Haddad e permite bloqueio só de parte das emendas parlamentares. Deputados concluíram votação do projeto de lei complementar nesta quarta (18); texto vai ao Senado.

VEÍCULOS

Câmara aprova fim do DPVAT sete meses após recriação do seguro obrigatório. Governo e oposição cantam vitória pela medida, incluída em pacote de corte de gastos de Haddad.

AÉREAS

Azul lança ofertas de troca de dívida em plano de reestruturação financeira. Prazo final para credores aderirem a plano é 15 de janeiro do próximo ano.

ROCK IN RIO

MPT diz que trabalhadores foram resgatados em condições análogas à escravidão durante Rock in Rio. OUTRO LADO: organizadora do festival diz que acusações são precipitadas e que repudia qualquer forma de exploração; terceirizada não foi localizada.

LUANA FRANZÃO / Folhapress

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