Teste da São João aberta para pedestres tem adesão parcial do comércio em dia com chuva em SP

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Ícone do centro de São Paulo, a avenida São João teve seu primeiro teste de fechamento para veículos e abertura apenas para pedestres e bicicletas neste domingo (21). Houve adesão parcial de lojas e restaurantes que normalmente ficam fechados, e o movimento do público obedeceu ao ciclo das pancadas de chuva ao longo do dia, esvaziando e voltando a aumentar sob sol.

Às 12h30, o trecho entre a rua Aurora e a avenida Ipiranga teve um de seus momentos mais cheios para uma apresentação de catch wrestling, uma luta livre encenada. A plateia, e especialmente um grupo de crianças, vibrou com acrobacias e golpes no ar trocados entre os lutadores.

A dupla Kevin e Oliver, o Justiceiro, ambos com cabelos longos e esvoaçantes, saiu vitoriosa do primeiro combate, contra Magnus e Altair.

A avenida teve ainda dois palcos para bandas de música, grupos de dança, uma feira de artesanato e atrações infantis e esportivas.

O fechamento da São João para carros atende a um pedido de associações de comerciantes da região, que querem atrair público para tentar reativar a economia de uma área degradada pela cracolândia e com aumento de roubos e furtos no último ano.

A associação Pró-Centro avaliou o teste como positivo e ressaltou que outras edições seriam necessárias para convencer mais comerciantes a abrirem as portas.

“As pessoas precisam sentir confiança para voltar a ocupar essa região”, diz Fábio Redondo, vice-presidente do Pró-Centro. “Temos vários pontos turísticos e históricos e precisamos valorizá-los, fazer com que as pessoas valorizem o centro.”

Integrantes da associação também elogiaram a sinalização de trânsito e o policiamento reforçado, que contou com equipes da Polícia Militar e da GCM (Guarda Civil Metropolitana).

O secretário municipal da Casa Civil, Fabrício Cobra, que foi à avenida e se encontrou com representantes das associações comerciais, disse que eventual decisão de manter a iniciativa de forma definitiva depende de vários critérios.

A SPTrans (empresa municipal de ônibus) e a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) devem produzir relatórios sobre o impacto do fechamento da avenida no transporte público e no trânsito, e há uma consulta pública online sobre o tema aberta pela prefeitura. Também estão previstas duas audiências públicas para debater o assunto, que não têm data definida. A prefeitura não estipulou prazo para decidir se o programa continua de forma definitiva, e isso não deve ocorrer em menos de 30 dias.

“A ideia é integrar a avenida com o Minhocão [aberto para pedestres no fim de semana], criando uma área grande [de lazer]”, disse Cobra. “Essa ideia nasceu da sociedade civil, foi a Pró-Centro que sugeriu a abertura dessa área para os pedestres.”

Quatro vias no bairro da Liberdade e a avenida Paulista já fazem parte do programa Ruas Abertas, que pode ganhar a adesão da São João. O secretário da Casa Civil disse que, como o evento deste domingo foi um teste, a prefeitura optou por não colocar food-trucks na via –algo comum na avenida Paulista aos domingos, por exemplo.

Entre os estabelecimentos que resolveram abrir neste dia de testes estava a Galeria do Rock, que normalmente fica fechada aos domingos, e restaurantes. Mas a maior parte dos quarteirões tinha comércios fechados –o trecho interditado ia do Vale do Anhangabaú ao Minhocão.

A ideia ainda não convenceu alguns comerciantes, que avaliaram o movimento da manhã como fraco. “Talvez depois de um mês comece a ter mais gente, como é na Paulista, torço por isso, mas por enquanto está fraco”, disse Ricardo Calil, 44, que abriu sua banca de jornal apenas por causa do programa.

O garçom Francisco Cardoso, 33, disse que o restaurante onde trabalha teve o mesmo movimento de todos os domingos. Ele e outros funcionários ficaram sabendo que a avenida seria fechada para carros na véspera.

“O pessoal fica com medo de vir para cá, porque um tempo atrás estava tendo muito roubo. Até diminuiu um pouco agora, mas o pessoal continua com medo”, diz.

TULIO KRUSE / Folhapress

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