Tietê tem dique de carcaças de carros após dez anos sem limpeza no Jardim Pantanal

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O trecho do rio Tietê que corta bairros historicamente afetados por enchentes na zona leste da capital paulista, como o Jardim Pantanal, começou a receber nesta quinta-feira (20) o primeiro grande trabalho de desassoreamento em dez anos.

Durante o período sem limpeza, além do acúmulo de sedimentos, cerca de 150 carcaças de carros lançadas irregularmente no rio criaram uma barragem subaquática que desacelera a vazão, agravando e prolongando alagamentos da região.

A retomada do trabalho não garante, no entanto, o fim das cheias nos bairros que se desenvolveram às margens do Tietê, disse a secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), Natália Resende, em evento para marcar o início das obras nesta quinta.

Na atual etapa de desassoreamento, o trecho do rio a ser beneficiado possui quase 12 quilômetros, localizado entre a ponte Senador José Ermírio de Moraes e a foz do córrego Três Pontes, no distrito Jardim Helena.

“Ajuda [a mitigar as enchentes], mas a gente sabe que esses locais representam um desafio histórico porque estão em área de várzea “, comentou.

Além de ter a margem densamente ocupada, o trecho do Tietê que corta bairros do Jardim Helena é afetado há anos pelo descarte de veículos furtados, roubados e receptados para a retirada e revenda de peças.

Na última contagem realizada, há mais de dez anos, cerca de 2.300 carcaças foram retiradas do fundo do rio na região, segundo técnicos da SP Águas, a agência estadual dedicada à fiscalização dos recursos hídricos de São Paulo.

Estima-se que atualmente existam 150 carros concentrados em um ponto próximo ao Jardim Pantanal, formando uma barragem. A presença desses automóveis é um obstáculo relevante ao escoamento, segundo a presidente da SP Águas, Camila Viana.

Além dos carros, a gestão Tarcísio calcula que poderá retirar mais de 520 mil metros cúbicos de sedimentos do leito, dando continuidade ao trabalho iniciado há um ano e que já resultou na remoção de 2,5 milhões de metros cúbicos dos rios Tietê e Pinheiros.

Representante de um movimento local criado para cobrar soluções contras as enchentes, o servidor público Euclides Mendes do Nascimento, 54, diz que a retomada das obras de desassoreamento é uma das três medidas reclamadas pelos moradores.

As outras duas ações são a abertura da barragem da Penha em períodos de cheia e a construção de pôlderes –obra de engenharia que armazena água em áreas baixas– no próprio Jardim Pantanal e em bairros também afetados pelas cheias, como Vila Aimoré, Jardim Três Marias, Vila Nova União e Jardim Keralux. Dois já foram construídos na região. “Na Vila Itaim, onde moro, o pôlder resolveu”, afirma Nascimento.

Segundo a SP Águas, o fechamento da barragem não afeta o distrito alagadiço porque está em região mais baixa. Quanto aos pôlderes, técnicos do órgão não os descartam, mas apontam que eles também trariam impactos negativos. A construção de diversas estruturas de armazenamento de água poderia, por exemplo, provocar cheias em locais onde não há alagamentos.

Sobre o depósito de carcaças de carros no rio, as Secretaria de Segurança Pública do governo Tarcísio afirmou, em nota, que “as polícias Civil e Militar têm atuado de forma estratégica no combate ao roubo, furto e receptação de veículos, por meio de investigações conduzidas com apoio da inteligência policial e operações especializadas”.

Ações com foco na desarticulação de quadrilhas envolvidas nesses crimes, em 2024, resultaram na apreensão de 4.630 peças em desmanches e na recuperação de 1.574 veículos, diz a secretaria.

O governo também afirma ter prendido ou apreendido 3.965 infratores na cidade.

CLAYTON CASTELANI / Folhapress

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