SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil da Bahia concluiu que o tiro que matou a adolescente Hyara Flor Santos Alves, 14, foi acidental e o disparo foi feito pelo cunhado da vítima, um menino de 9 anos. O crime ocorreu em 6 de julho, em Guaratinga (703 km de Salvador), no sul do estado. Os dois brincavam com a arma no quarto dela, segundo a investigação policial.
De acordo com a polícia, a sogra de Hyara foi indiciada por homicídio culposo e porte ilegal de arma de fogo, já que a pistola utilizada no crime pertencia a ela.
O tio da vítima foi indiciado por tiros disparados contra a casa onde estava Hyara, logo após o crime.
O inquérito sobre a morte da menina, que fazia parte de uma comunidade cigana, foi encerrado pela polícia e entregue pela Polícia Civil à Justiça na última quinta-feira (10).
Hyara foi encontrada caída no chão do quarto onde morava com o marido, da mesma idade. Ele chegou a ser apontado como principal suspeito do crime e foi apreendido 20 dias depois em Vila Velha, no Espírito Santo.
O adolescente está internado em uma unidade socioeducativa. O jovem, diz trecho do da nota da polícia, foi ouvido por meio de vídeo conferência pela juíza da comarca de Guaratinga -o conteúdo do depoimento não foi informado.
“A sua permanência na internação socioeducativa ficará a cargo do Ministério Público e do Poder Judiciário”, diz a nota. Questionado sobre a soltura, o Tribunal de Justiça da Bahia não respondeu até a publicação desta reportagem.
Assim como o marido, a vítima fazia parte da comunidade cigana da região. Eles estavam casados havia 40 dias. O crime foi investigado como feminicídio.
A jovem estava com uma marca de bala no queixo e chegou a ser levada para o Hospital Municipal de Guaratinga, mas não sobreviveu.
Durante a apuração do caso, a polícia da Bahia ouviu 16 pessoas, entre elas duas crianças que prestaram depoimento especial com a presença de promotor de Justiça da Promotoria da Infância e da Juventude do Ministério Público da Bahia.
“Também foram analisadas imagens de câmera de vigilância do endereço do fato, documentos e mensagens de celular e redes sociais, além de apurações em campo”, afirma a nota.
Em nota na época do crime, a Polícia Militar disse que a família havia relatado à equipe do hospital que o tiro teria sido acidental, mas os funcionários desconfiaram.
Ainda segundo a PM, os policiais foram informados de que o marido da vítima, o pai dele e um terceiro suspeito haviam fugido por uma estrada que dá acesso ao estado de Minas Gerais.
Também na época, a advogada Janaina Panhossi, que representa a família da vítima, disse que havia sido o irmão mais novo do adolescente que gritou que ele teria matado a mulher.
“O clima é de desespero total. Eles [parentes da vítima] estão inconformados, contam que ela era uma menina muito boa e muito apegada com o pai”, afirma a advogada.
O caso ganhou repercussão na internet. A adolescente tinha mais de 18 mil seguidores no TikTok, onde compartilhava danças e a rotina de sua comunidade.
A autora de novelas Gloria Perez, 74, que já retratou a comunidade cigana na trama “Explode Coração” em 1995 e também teve a filha assassinada, compartilhou o caso no Instagram, cobrando justiça e se solidarizando com os pais.
Em um vídeo no TikTok, o pai da vítima agradece pela comoção nas redes sociais e nega os boatos de que teria oferecido uma recompensa por quem localizasse o marido da vítima. “Eu quero justiça, isso sim”.
Redação / Folhapress