Todas as pessoas mortas pela polícia no Recife em 2022 e em 2021 eram negras, diz relatório

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Todos os mortos pela polícia no Recife em 2022 eram negros, assim como em 2021. Ao todo, foram 91 vítimas do Estado no ano passado, e 61 delas tinham entre 12 e 29 anos. A vítima mais jovem foi uma criança de 6 anos, e a mais velha, um idoso de 75 anos.

Além da capital, as mortes de pessoas negras por policiais também foram a totalidade em outras três cidades pernambucanas: Igarassu (7 óbitos), Olinda (6 óbitos) e Cabo de Santo Agostinho (5 óbitos). Negros representam 65% da população do estado, mas representam 89,6% das pessoas mortas por forças de segurança estaduais.

Os dados são da nova edição do relatório “Pele Alvo: a bala não erra o negro”, publicado nesta quinta-feira (16) pela Rede de Observatórios da Segurança. O critério de pessoas negras é a soma de pretos e pardos, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Pernambuco integra a lista de oito estados monitorados pelo grupo. As informações foram obtidas por meio de pedidos de Lei de Acesso à Informação feitos às pastas estaduais de segurança pública.

Em 2019, Pernambuco teve 74 mortes causadas por policiais, número que aumentou para 113 em 2020. Em 2021, foram 101 casos, contra 91 no ano passado.

Segundo o relatório, o estado ainda está distante dos líderes em letalidade policial Bahia, com 1.465 mortos (94,7% negros), e Rio de Janeiro, com 1.330 óbitos (86,9% negros), o que não significa um cenário positivo.

“Para Pernambuco esse número é relativamente alto, principalmente quando olhamos a partir de 2015, quando 37 pessoas foram mortas pela polícia”, diz o texto.

UMA PESSOA NEGRA MORTA A CADA QUATRO HORAS

Segundo os dados do relatório, que consideram informações de oito estados, uma pessoa negra foi morta por policiais a cada quatro horas. Dados de Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo somam 4.219 mortes por intervenção policial em 2022. Entre os 3.171 registros com informação sobre cor ou raça, 87,3% eram pessoas negras.

Em comparação com informações do 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública indicadores, os oito estados representam 65,6% das 6.430 mortes causadas por agentes em 2022. A proporção de pessoas negras também é parecida nos dois registros, com 83% no anuário e 87,3% no levantamento da Rede.

LUCAS LACERDA / Folhapress

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