Tontura pode ser sinal de doença cardíaca, enxaqueca e até sobrecarga emocional

RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) – De repente, o mundo roda, a luz apaga e o equilíbrio do corpo desaparece, revelando –com ênfase– toda falta que a estabilidade faz. A tontura é um sintoma comum de diversas doenças e pode ser desencadeada por causas físicas e emocionais.

“É horrível, tudo roda mesmo. O estômago embrulha. A primeira vez que tive levei um susto, achei que fosse um infarto aquele mal-estar todo”, conta a galerista Zilda Barroso Mansano, 66. As tonturas da empresária começaram em decorrência da labirintite, condição desencadeada pela inflamação do labirinto, estrutura ligada à audição e ao equilíbrio corporal. Acostumada com o sintoma, quando percebe que vai ter uma crise, toma medicações para controle.

Situação também caracterizada como tontura viveu o líder republicano no Senado dos Estados Unidos, Mitch McConnell. Apesar de ser um político com seis mandatos e ampla experiência em eventos públicos, ficou segundos sem reagir em uma entrevista, pois teria ficado “momentaneamente tonto”. Sua assessoria declarou que o político procuraria um médico antes de seu próximo compromisso.⁠

De acordo com o clínico geral Paulo Camiz, geriatra e professor da USP (Universidade de São Paulo), as tonturas podem ser desencadeadas até por diversos fatores, como uma forte dor de cabeça, como enxaqueca (ou migrânea), por exemplo.

Segundo o médico, o sintoma pode ser dividido em quatro grupos. O primeiro é do tipo vertigem, quando os objetos parecem se mover em torno da pessoa, indicando, como no caso da galerista, que o labirinto está envolvido no processo. O segundo é formado por um quadro de escurecimento visual e ocorrência ou sensação de desmaio, similar ao que ocorre quando levantamos depressa. O seguinte se caracteriza pelo desequilíbrio ao caminhar e ocorre com mais frequência em pessoas com mais de 60 anos –nesses casos, a marcha fica tão instável que o chão parece estar em movimento. O quarto e último tipo, por sua vez, é chamado tontura de “atordoamento” e conhecido por sensações inespecíficas, como não saber exatamente descrever o que sentiu –neste grupo as causas estão usualmente ligadas a fatores emocionais.

“⁠Temos infinitas outras formas, mas são esses os problemas principais e os sinais de alerta. E você tem que se preocupar principalmente com o segundo grupo, a tontura do tipo escurecimento visual, quando há possibilidade de origem cardíaca”, diz Camiz. O médico reforça que em manifestações do tipo a causa pode morar na dificuldade do órgão em fazer o sangue circular, levando a falta de oxigênio.

“A pessoa pode mesmo estar tendo um infarto se o coração não bombeia, não manda sangue para a cabeça. Ela pode ter uma arritmia ou um problema de válvula, que é um pouquinho mais grave”, afirma.

Em todos os casos, o mais indicado é buscar ajuda médica para determinar as causas e ser direcionado ao especialista correto.

Segundo Camiz, otorrinos e neurologista podem ser procurados no caso de tontura rotatória, do tipo vertigem. Caso o ocorra escurecimento visual, a melhor saída é buscar um cardiologista. Em caso de atordoamento, diz ele, é indicado buscar ajuda de um psiquiatra. Já para desequilíbrios, o geriatra costuma ser o mais indicado, pois a sensação ocorre com mais frequência em idosos.

Nesse caso, o profissional chama atenção para o risco de quedas, que podem causar fraturas que exigem procedimentos cirúrgicos.

O tratamento deve ser feito de acordo com o tipo, e pessoas com o sintoma devem evitar receitas caseiras ou automedicação, uma vez que usualmente não tratam a causa do problema.

DANIELLE CASTRO / Folhapress

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