SÃO PAULO, PS (uOL-FOLHAPRESS) – Solto após ser detido sob acusação da morte da palmeirense Gabriella Anelli Marchiano, o torcedor do Flamengo Leonardo Felipe Xavier Santiago deixou a prisão na tarde desta quarta-feira (12). Na saída, Leonardo entrou em um carro e permaneceu em silêncio. Renan Bohus, seu advogado, afirmou que o rubro-negro teme uma vingança de palmeirenses.
Bohus apontou ainda que a prisão do rubro-negro foi motivada por questões emocionais e reforçou que a garrafa que atingiu Gabriella não foi atirada por seu cliente:
“Ele confessa que arremessou peças de gelo e não garrafas. O delegado amparou essa narrativa em cima do depoimento de testemunhas, de torcedores do Palmeiras. Argumentamos que o depoimento dos palmeirenses é contaminado, porque existe um interesse no processo, há um lado emocional muito forte. Não dá para você decretar a prisão de uma pessoa com base nos torcedores do Palmeiras”.
Após requisitar a soltura do torcedor, o promotor Rogério Leão Zagallo, do MP-SP, explicou ao UOL quais serão os próximos passos da investigação.
Ele continuará sendo investigado. Não há problema se a investigação indicar que ele é um dos ou o único responsável pela morte da Gabriella. Não significa um arquivamento ou uma sentença, significa que a investigação O promotor disse que Leonardo poderá voltar para o Rio de Janeiro, mas poderá ser convocado futuramente para esclarecimentos se necessário.
Além da revogação da prisão preventiva, Leão pede a realização de diligências que identifiquem o verdadeiro autor do delito, como a busca por mais imagens de câmeras de segurança.
O MP pede para que os autos relativos à morte Gabriella sejam encaminhados ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para continuidade das investigações.
O pedido foi apresentado após o delegado responsável pelo Departamento de Operações Policiais Estratégicas, Cesar Saad, ter declarado publicamente que um homem preso preventivamente pelo crime teria admitido o arremesso da garrafa que golpeou a vítima. No entanto, vídeos recebidos pelo MP-SP mostram uma garrafa sendo lançada por uma pessoa com a aparência diferente de Leonardo. A defesa do torcedor prefere que a delegacia especializada siga no caso.
SOBRE MENINOS E PORCOS
A violência entre torcidas foi retratada na terceira temporada do podcast UOL Esporte Histórias. A série “Sobre meninos e porcos” conta em seis episódios a história de como as torcidas organizadas saíram da festa e chegaram à violência.
O relato é centrado no assassinato de Cléo Sóstenes Dantas nos anos 1980, considerado o marco da chegada das armas de fogo às brigas de organizadas.
TALYTA VESPA / Folhapress