Torcedores do Botafogo com ingresso cogitam ação em caso de veto no Uruguai

RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – Torcedores do Botafogo com ingresso cogitam uma ação na Justiça caso seja mantida a decisão do governo uruguaio de proibir a entrada de torcida visitante no estádio Campeón del Siglo, em Montevidéu, local do duelo de volta entre o Alvinegro e o Peñarol, nesta quarta-feira (30), pelo jogo de volta das semifinais da Libertadores.

Diversos botafoguenses já estão na capital uruguaia e outros tantos com viagem marcada. Além de ingressos, muitos já têm passagem e hotel.

Alguns alvinegros já optaram por cancelar a viagem. Nenhuma autoridade ainda se pronunciou sobre processo de ressarcimento.

“Só por esse clima que foi criado, eu já cancelei. Estou em Recife (PE). Já cancelei meu voo de Recife para Montevidéu e o de Montevidéu para o Rio. Paguei multa. Um da Azul e outro da Gol. O hotel eu perdi, não tem o que fazer, eles não abrem reembolso e nem cancelamento grátis. E o ingresso, se proibir a torcida do Botafogo, imagino que pelo menos vá devolver o valor, assim espero, para ficar num prejuízo menor. Ou posso entrar com um processo contra o Peñarol, contra o Governo do Uruguai… Tem que ver o que vai acontecer”, afirma Rafael Lima, torcedor do Botafogo, à reportagem.

ORGANIZADAS CALCULAM PREJUÍZO DE R$ 44 MIL

As organizadas do Botafogo calculam um prejuízo de R$ 44 mil, somando ônibus alugado, ingressos e demais despesas para 56 torcedores.

O coletivo estava marcado para sair do Rio às 19h desta segunda (28). Depois de muito impasse, os torcedores resolveram partir com atraso, mesmo sem uma mudança de decisão por parte do governo uruguaio. Caso siga mantido o veto aos visitantes, o caminho mais provável é que eles entrem com ação na Justiça.

“Se não tiver torcida visitante, vamos entrar com a ação, obviamente”, afirma Rodrigo Mancha, presidente da “Fogoró”.

DECISÃO PARTIU DE MINISTRO DO URUGUAI

O ministro do Interior do Uruguai, Nicolas Martinelli, anexou um ofício endereçado ao presidente da Associação Uruguaia de Futebol (AUF), Ignacio Alonso. No documento, cita como uma das razões para a decisão “análises da Polícia Nacional depois dos episódios de violência ocorridos no Rio de Janeiro antes do jogo de ida”. Além disso, o Ministério classificou a partida desta quarta-feira em Montevidéu como de “alto risco”.

Em sua postagem no X, o ministro diz que a medida visa “evitar novos distúrbios entre os adeptos de ambas as equipes”. Ocorre, porém, que o confronto de torcedores do Peñarol na Praia do Pontal, no bairro do Recreio (RJ), não se deu com torcedores do Botafogo.

CONMEBOL EXIGE QUE FEDERAÇÃO CUMPRA REGULAMENTO

A Conmebol, por sua vez, deu um ultimato para a Associação Uruguaia de Futebol exigindo a liberação da torcida do Botafogo. Se não houver visitantes no estádio, a entidade estuda mandar fechar os portões do jogo ou transferi-lo de lugar.

Anteriormente, a CBF já havia enviado um ofício à Conmebol pedindo que se cumpra o regulamento e que garanta a presença da torcida do Botafogo. O documento fala em “reciprocidade” e “respeito” às regras previstas.

O Botafogo também acionou a entidade sul-americana além de autoridades governamentais e policiais. Foram oficiados pelo clube o Itamaraty, o Ministério dos Esportes, a Polícia Federal e a Interpol com o intuito de garantir a segurança dos torcedores alvinegros em Montevidéu.

Na avaliação do Botafogo, o Peñarol e a polícia uruguaia assumiram a incapacidade de garantir a segurança da partida. E por causa disso, estão infringindo o regulamento da Conmebol.

O Alvinegro ressalta que a suposta falta de segurança pode abrir precedentes para que outros clubes usem do mesmo artifício. E que acatar esta medida é um benefício a quem está assumidamente se mostrando incapaz. O comunicado ainda insinua que a postura do Peñarol não está contribuindo para amenizar as tensões.

BRUNO BRAZ / Folhapress

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