Torcida do Bayern protesta, e Muller pede ‘vamos, juntos, vamos pra cima’

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Não era comum ver Thomas Muller, 34, irritado, proferindo duras críticas, exaltado até mesmo com os próprios companheiros no Bayern de Munique, mas tem sido assim nesta temporada em meio ao momento crítico vivido pelo time alemão.

O jogador tem se mostrado inconformado com o futebol burocrático, sem criatividade e pouco combativo de sua equipe, que vem de duas dolorosas derrotas na Champions League e no Campeonato Alemão.

Na competição nacional, o 3 a 0 sofrido diante do líder Bayer de Leverkusen, no último sábado (10), deixou o Bayern estacionado na segunda posição, mas agora a cinco pontos da ponta tabela. Na abertura da fase de oitavas de final do torneio continental, os bávaros perderam para a Lazio, por 1 a 0, na Itália.

A reação de Muller após o fim do jogo no Estádio Olímpico, em Roma, na quarta-feira (14), mostrou, porém, que ele entende a pressão da torcida e promete que o time vai reagir. Enquanto seus companheiros ouviam em silêncio e cabisbaixos os protestos dos torcedores nas arquibancadas, o camisa 25 gritava e gesticulava, pedindo para que a torcida jogar com o time.

“Vamos, vamos, juntos, vamos pra cima”, dizia ele.

Dias antes, depois da derrota para o Bayer, o jogador disse que estava “frustrado” com o que chamou de “falta de coragem” de seus companheiros.

Muller não citou nenhum companheiro especificamente, mas a imprensa alemã tem criticado principalmente o atacante inglês Harry Kane, 30.

De acordo com o jornal ”Bild”, que foi um dos que se concentrou em analisar o desempenho do inglês após a derrota para a Lazio, o capitão da Inglaterra deu somente 18 toques na bola e acertou um chute durante os 90 minutos da partida. A atuação dele foi chamada de “Catástrofe Kane” pela publicação.

A contratação do atacante é constantemente questionada. O clube alemão desembolsou 100 milhões de euros (R$ 535 milhões) e o seu desempenho ainda não convenceu o suficiente, apesar de o atacante já ter 28 gols e 8 assistências pelo clube.

“Às vezes você tem que falar sobre os jogadores. Não se trata apenas do treinador. Temos muitos jogadores de nível internacional no elenco. Essa fase é também uma questão de um certo nível de inteligência de jogo. Precisamos intensificar”, apontou Thomas Muller depois da derrota para o Bayer.

Àquela altura, talvez ainda fosse possível para Muller, com o status que tem junto à torcida, fazer uma defesa pública do técnico Thomas Tuchel. Mas até isso mudou quando o time perdeu para a Lazio e vazou a forma como o treinador alemão confrontou seus atletas.

“Vocês não são tão bons quanto eu pensava. Vou ter que me adaptar ao nível de vocês”, disse o técnico de acordo com o canal Sky Germany. A emissora disse que a declaração foi confirmada por dois jogadores titulares do time.

A permanência de Tuchel no cargo parece insustentável no momento. A imprensa alemã, contudo, afirma que ele deve resistir pelo menos até o jogo de volta com a Lazio, no dia 5 de março, quando o Bayern terá de vencer por dois gols de diferença para continuar vivo na Champions e evitar a sua primeira temporada sem títulos desde 2011-12.

Vencedora das últimas 11 edições do Campeonato Alemão, a equipe deixou o Bayer desgarrar na ponta na edição deste ano, foi eliminada da Copa da Alemanha pelo DFB Pokal, da terceira divisão, e corre o risco de também cair precocemente na Champions, competição da qual foi campeão seis vezes, sendo as mais recentes em 2012-13 e 2019-20.

Até o jogo de volta com os italianos, Tuchel terá, ainda, de lidar com a queda de sua popularidade junto aos torcedores. Em pesquisa feita pelo jornal Bild, a popularidade de Tuchel despencou nas últimas semanas. De 370 mil participantes, 83% acreditam que ele não é mais o técnico certo para o Bayern.

No domingo (17), a equipe dele retorna a campo para enfrentar o VfL Bochum pelo Alemão.

LUCIANO TRINDADE / Folhapress

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