Transpetro conclui primeira encomenda de navios da Petrobras sob Lula 3

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Transpetro anunciou ter concluído nesta sexta-feira (20) a negociação com o consórcio formado pelos estaleiros Ecovix, de Rio Grande (RS), e Mac Laren, de Niterói (RJ), para a primeira compra de navios no Brasil feita no terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O contrato foi fechado em US$ 68,5 milhões (R$ 421,35 milhões em valores desta segunda-feira, 23) para cada uma das quatro embarcações contratadas. Em nota, a subsidiária da Petrobras afirmou que a assinatura será feita no início do ano que vem.

São quatro navios para o transporte de combustíveis líquidos, cuja construção no país só será viável com a concessão de juros mais baixos pelo FMM (Fundo da Marinha Mercante) e renúncia fiscal por lei que permitiu a depreciação acelerada dos ativos.

A Transpreto também confirmou, em nota, que deve lançar, no início do ano que vem, edital para a compra de oito navios para o transporte de gás de cozinha.

A retomada de compras junto à indústria naval brasileira é uma das promessas de campanha de Lula, que nos primeiros mandatos fomentou um programa de incentivo a aquisições no país, que acabou após a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.

“Esse programa da Transpetro é essencial para o Sistema Petrobras e um grande reforço para a nossa capacidade logística, garantindo o aumento do transporte de derivados na costa brasileira e reduzindo nossa exposição às oscilações dos custos de afretamento, principalmente desse tipo de unidade, que têm baixa liquidez no mercado. A Petrobras e a Transpetro estão comprometidas com a aceleração do desenvolvimento do país e esse programa de ampliação da frota própria comprova isso”, disse, em nota, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard. 

A Transpetro lançou em março um programa de renovação de frota batizado de TP25, que prevê a encomenda de até 25 navios. Os primeiros 16 já foram aprovados.

“É um marco para a nossa gestão retomar a aquisição de navios no Brasil após dez anos sem contratar embarcações para ampliar a frota. Com o TP25, vamos ampliar em pelo menos 25% a capacidade logística da Transpetro e essa é mais uma das medidas que estamos adotando para retomar o caminho do crescimento da companhia. Além disso, as futuras licitações previstas no TP 25 vão garantir uma demanda perene, que irá incentivar a retomada da indústria naval no país” “, afirmou, em nota, o presidente da Transpetro, Sérgio Bacci.

O Estaleiro Rio Grande entrou em recuperação judicial com a suspensão de encomendas da Petrobras após o início da Lava Jato, que gerou também uma crise econômica no município de Rio Grande, localizado a 300 quilômetros de Porto Alegre.

Construído para fabricar grandes plataformas de produção de petróleo, o estaleiro passou anos operando apenas com reformas de embarcações. Hoje, vive um impasse com Petrobras e Gerdau sobre obras de desmantelamento da plataforma P-32.

A siderúrgica comprou a unidade da Petrobras para reciclar o aço em suas fábricas, mas a presença de combustível e água oleosa na embarcação gerou um embate entre as empresas sobre a responsabilidade pela limpeza e o descarte correto dos poluentes.

A insatisfação do governo e de sindicatos com a demora em aprovar licitações para a compra de navios foi um dos motivos que levou à demissão de Jean Paul Prates do comando da estatal. Ao assumir o comando da companhia, Magda Chambriard colocou o projeto entre suas prioridades.

A Transpetro foi responsável por parte relevante do incentivo à indústria naval dos primeiros governos Lula, com um programa chamado Promef (Programa de Modernização e Expansão da Frota), que incentivou a abertura de novos estaleiros no Brasil.

Esse programa previa índices de conteúdo nacional nas embarcações e terminou com navios inacabados após o início da Lava Jato, que teve a delação premiada do ex-presidente da empresa Sergio Machado.

Atualmente, estaleiros especializados em módulos para plataformas de petróleo têm trabalhado com maior intensidade no Brasil. Mas grandes instalações construídas no último ciclo de incentivo ao setor seguem operando bem abaixo da capacidade.

Redação / Folhapress

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