SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Hugo Duarte, treinador do time feminino amazonense JC Futebol Clube, foi preso por suspeita de cometer crime de injúria racial contra a zagueira do Bahia Suelen Santos na noite de segunda-feira (8).
O crime teria acontecido após a partida contra o Bahia, no estádio de Pituaçu, em Salvador. Depois de empatar em 0 a 0 no jogo de volta contra o JC, o time baiano obteve o acesso à primeira divisão e a comemoração terminou em confusão.
Na ocasião, Suelen relatou ter sido alvo de ofensas racistas proferidas por Duarte. Ele foi levado à delegacia e preso em flagrante pela polícia, que já estava no local para apartar a briga.
De acordo com o G1 BA, suspeito, vítima e testemunhas foram levados à Central de Flagrantes, onde o caso foi registrado. Duarte segue sob custódia nesta terça (9).
No ano passado, o presidente Lula (PT) sancionou a lei que equipara injúria racial ao crime de racismo, aumentando a pena para dois a cinco anos de prisão. O crime é inafiançável e imprescritível.
Em suas redes sociais, a jogadora citou a Constituição e o direito de ser tratada como igual perante os demais membros da sociedade, sem discrição de etnia e raça.
“Entretanto, lamentavelmente, ontem, na partida que garantiu o tão esperado acesso para a elite do futebol brasileiro, fui submetida ao ato de racismo praticado pelo criminoso treinador do time adversário, pois utilizou de mecanismo de opressão para inferiorizar minha negritude”, escreveu.
“A naturalização que foi proferida mais de uma vez pela expressão racista ‘macaca’ tenta silenciar a minha figura como mulher preta no esporte, porém o ato de denúncia é a arma que tenho para combater o racista”, concluiu, agradecendo suas colegas de time e à família pelo suporte e acolhimento.
Já o Bahia afirmou em nota oficial que o que deveria ser uma noite de comemoração pelo acesso das mulheres de aço à elite do futebol brasileiro acabou manchado por um episódio lamentável.
“Ao final da partida, a zagueira tricolor Suelen foi alvo de ofensa racial praticada pelo treinador da equipe adversária no gramado. Acionada, a Polícia Militar conduziu o acusado à Central de Flagrantes da 1ª Delegacia para realização de boletim de ocorrência.”
O time afirmou ainda que o diretor de operações e relações institucionais, Vitor Ferraz, acompanha a atleta juntamente com advogado criminalista que assessora o clube, além de outras jogadoras e funcionários que se apresentaram como testemunha.
“O Esporte Clube Bahia SAF manifesta toda solidariedade a Suelen ao tempo em que cobra resposta à altura da gravidade do assunto, reiterando compromisso na luta contra qualquer tipo de discriminação”, concluiu.
Também nas redes sociais, o JC Futebol Clube afirmou que repudia qualquer ato de racismo ou injúria racial contra qualquer pessoa e que houve um ocorrido envolvendo o treinador do JC e uma atleta do clube Bahia em que ambos foram ouvidos.
“O Clube juntamente com seu jurídico estão averiguando todas informações necessárias dos acontecimentos ali presenciados para realizar os procedimentos cabíveis onde não haja informações infame ou caluniosas que prejudiquem quaisquer que sejam os envolvidos. No mais retificamos que este clube é contra qualquer tipo de preconceito”, afirmou.
Redação / Folhapress