BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O economista Persio Arida, um dos pais do Plano Real, afirmou que o tripé macroeconômico “é manco”.
“A perna fiscal sofreu longa deterioração e as perspectivas não são boas”, avaliou em evento no Banco Central para comemorar os 30 anos do Plano Real.
O tripé macroeconômico foi uma política adotada no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em 1999 e mantida nas gestões posteriores.
Ela prevê um câmbio flutuante, um regime de metas de inflação e responsabilidade fiscal.
“Em questões fiscais o mais importante é como você acha que o filme vai correr para a frente. Existe esperança tácita que em 2026 ou 2027 tenha uma postura diversa da atual, mas é difícil de imaginar um programa que possa se sustentar com ameaça populista de déficits crescentes ao longo do tempo”, disse Arida.
A opinião foi secundada por dois outros participantes do seminário, o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan e o ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola.
Malan ponderou que o desafio fiscal existe não só para o governo federal, mas também para estados e municípios.
“Existe visão de que responsabilidade fiscal não é compatível com responsabilidade social. Acho um equívoco, acho muito possível compatibilizar”, avaliou Malan.
Já Loyola afirmou que até hoje o problema fiscal não foi resolvido, o que pesa no Banco Central.
“É onde estamos devendo e precisamos urgentemente atacar essa questão”, acrescentou.
O debate fiscal ganhou força após a decisão do governo Lula (PT) de diminuir a meta fiscal de 2025, que passou de um superávit de 0,5% do PIB para zero.
A decisão entrou no cômputo do Banco Central quando decidiu mudar a velocidade na redução da taxa de juros. Na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), a instituição decidiu por uma queda de 0,25 ponto percentual, para 10,50% ao ano. Antes, os cortes foram de 0,5 ponto percentual.
LUCAS MARCHESINI / Folhapress