SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os houthis do Iêmens atingiram um navio de carga que entrava no mar Vermelho nesta segunda (19), obrigando a evacuação da embarcação. Segundo os rebeldes e uma empresa de segurança marítima, a embarcação pode afundar.
Se isso acontecer, é a primeira vez que um navio vai a pique na campanha dos houthis em apoio ao grupo terrorista palestino Hamas, em guerra com Israel desde que atacou o Estado judeu em 7 de outubro. Desde novembro, os iemenitas tentam alvejar navios mercantes que consideram ligados a Israel.
Neste ano, com a reação armada de Estados Unidos e Reino Unido, declararam guerra aos navios militares e comerciais destes países também.
Segundo o porta-voz militar dos houthis, Yahya Sarea, “o navio foi seriamente atingido e está sob risco de afundar no golfo de Aden”. Dois mísseis foram disparados de terra contra a embarcação, o graneleiro Rubymar, de bandeira de Belize, propriedade britânica e operação, libanesa.
Tanto Sarea quanto a empresa de segurança LSS-SAPU, responsável pelo Rubymar, disseram que a tripulação, um contingente não divulgado, foi evacuada. “Nós sabemos que ele está tomado por água”, afirmou a firma. O Rubymar ia de Ras al-Khair, nos Emirados Árabes, para Varna, na Bulgária.
Os houthis também atacaram, sem atingir diretamente, um navio com bandeira grega mas de propriedade americana na região, o Sea Champion. Ele levava grãos da Argentina para o Iêmen. Ninguém ficou ferido.
O teatro do mar Vermelho é um dos mais complexos na guerra. Os houthis têm à sua disposição uma vasta gama de mísseis, alguns bem sofisticados, e drones. Também têm capacidade antiaérea: nesta segunda, Sarea disse que um drone americano foi abatido perto da costa do Iêmen.
Apoiados e armados pelo Irã, os rebeldes dominam uma fatia do Iêmen desde 2014, numa guerra civil ora em cessar-fogo. Eles fazem parte da rede de aliados locais de Teerã contra EUA e Israel, integrada pelo Hezbollah libanês, o próprio Hamas e diversos grupos na Síria e no Iraque.
Nesta segunda, o Conselho Europeu determinou que uma força-tarefa se junte às missões já presentes na área do mar Vermelho para tentar manter a segurança de rotas –passavam por ali antes da guerra cerca de 15% do comércio marítimo mundial. O Brasil comanda uma dessas forças, de emprego específico contra a pirataria.
Agora, muitas empresas desviam seus navios para circunavegar a África, evitando o canal de Suez e o mar Vermelho. Isso tem aumentado fretes, custos operacional e seguros.
Entre as ações ocorridas na região, além de ataques com mísseis e drones, está o sequestro do cargueiro Galaxy Leader, que foi abordado em novembro por um comando armado que desembarcou de helicóptero no navio. Seus 25 tripulantes são mantidos como reféns no Iêmen.
IGOR GIELOW / Folhapress