Tripulantes de helicóptero desaparecido na floresta amazônica são achados com vida após 3 dias

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Os três tripulantes de um helicóptero desaparecido desde quarta (16) no Parque do Tumucumaque, norte do país, foram localizados com vida neste sábado (19). A informação foi confirmada pelo governador do Amapá, Clécio Luís (Solidariedade). O resgate ainda será realizado.

A aeronave prestava serviços para a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) no Amapá e norte do Pará; seu último registro foi na região do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, que tem 3,8 milhões de hectares e abrange o norte do Pará e o oeste do Amapá.

No veículo estavam o engenheiro da Funai José Francisco Vieira; o comandante da aeronave, tenente-coronel Josilei Gonçalves de Freitas; e o mecânico Gabriel, conforme informação divulgada em nota pela Sesai (Secretaria de Saúde Indígena) e pela Funai.

A equipe fazia inspeção de pistas de pouso na região do parque, que chega à fronteira com Suriname e acompanha o limite da Terra Indígena Parque do Tumucumaque, conforme o decreto de criação da unidade de conservação. Na região vivem indígenas isolados e de quatro etnias -são 2.800 indígenas ao todo, segundo levantamento do ISA (Instituto Socioambiental).

“A nossa felicidade é saber que todos estão bem, estão com vida, tranquilizando os familiares dos três tripulantes. Já entrei em contato com o governador Helder, do Pará, para a realização do salvamento. Está saindo uma aeronave de Tiriós e outra daqui de Macapá, até o local, para fazer o resgate. Nós vamos aguardá-los com todo aparato necessário, equipe médica e ambulância”, disse o governador, em nota.

Ainda de acordo com o governo do Amapá, os tripulantes estão próximo ao Rio Iratapuru, a cerca de 70 quilômetros do município de Pedra Branca do Amapari, na região central do Amapá.

Equipes da secretaria de Saúde, do Hospital de Emergência e do Hospital das Clínicas Dr Alberto Lima aguardam o término do resgate, na capital do Amapá.

Os trabalhos de busca são acompanhados pela Sesai (Secretaria de Saúde Indígena) do Ministério da Saúde e pela Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas).

O helicóptero pertence à empresa Sagres, contratada pelo DSEI (Distrito Sanitário Especial Indígena) Amapá e norte do Pará, segundo os dois órgãos do governo federal.

SEM AUTORIZAÇÃO

O helicóptero que desapareceu em região de densa floresta amazônica não poderia servir ao comércio de serviços aéreos e transporte de passageiros. A informação foi confirmada à reportagem pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

O registro no sistema da Anac mostra que a aeronave de prefixo PR-BGF tem “operação negada para táxi aéreo” e que a categoria é para “serviço aéreo privado”.

A empresa Sagres Táxi Aéreo, sediada em Brasília, foi contratada pelo DSEI em fevereiro deste ano, por dispensa de licitação.

O valor do contrato, em vigor até o último dia 15, é de R$ 5,7 milhões. A contratação se deu em caráter emergencial, para atendimento em saúde indígena, com transporte de equipes médicas, cargas, pacientes indígenas e necessidades administrativas.

Conforme o portal da transparência, do governo federal, a Sagres já recebeu R$ 5,8 milhões da União.

A informação sobre o prefixo da aeronave desaparecida foi fornecida pela FAB.

“A situação de aeronavegabilidade do helicóptero de matrícula PR-BGF, no cadastro da ANAC, está regular”, disse a agência, em nota. “No entanto, cabe pontuar que a categoria da aeronave TPP, na qual está registrado, se aplica somente ao transporte aéreo privado, não podendo comercializar serviços aéreos, incluindo o transporte de passageiros.”

A Sesai investiga informações sobre “possível irregularidade” da aeronave e afirma que “não pactua com esse tipo de conduta”. “Caso isso se confirme, tomará as providências necessárias”, disse o Ministério da Saúde, em nota.

A reportagem questionou a Sagres, por e-mail e pelo contato de WhatsApp disponível no site da empresa, a respeito das condições do helicóptero, do contrato e do desaparecimento. Não houve resposta.

BRUNA FANTTI / Folhapress

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