Troféu Raça Negra homenageia Glória Maria em São Paulo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um show de drones iluminou as adjacências da Praça Júlio Prestes, no centro de São Paulo, durante a noite desta segunda-feira (20). Era o pontapé da cerimônia de entrega do 21° Troféu Raça Negra.

Criado para celebrar personalidades atuantes no combate ao racismo e na defesa da população negra, o troféu homenageou a carreira da jornalista Glória Maria, morta em fevereiro deste ano. Suas filhas adolescentes, Laura e Maria Silva, estiverem na Sala São Paulo, região central da capital paulista, para receber as honras.

“Glória ousou ser livre para libertar e inspirar muitos. Por isso, ela merece a celebração”, disse João Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, organizadora da premiação.

Outras 25 personalidades foram agraciadas com o troféu Zumbi dos Palmares por seu simbolismo na busca pela igualdade racial. Entre elas, os atores Elisa Lucinda e Samuel de Assis, a escritora e colunista da Folha Djamila Ribeiro, a cantora Alaíde Costa, o ouvidor das polícias do estado de São Paulo, Claudio Aparecido da Silva, e o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, que também foi orador do evento.

Em seu discurso, Barroso destacou o protagonismo negro na formação do país e defendeu maior inclusão pelo progresso. “A vida é uma festa para a qual todos foram convidados e devem entrar pela porta da frente, sempre”, disse.

A cerimônia deste ano foi apresentada por Joyce Ribeiro, âncora da TV Cultura, e Mirella Archangelo, apelidada de “mini Glória Maria” após vídeo em que denuncia as condições precárias das ruas na periferia de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, viralizar nas redes em 2011.

Após a fala do ministro, uma surpresa: Edinho, filho de Pelé, foi convidado a receber um prêmio em nome do rei do futebol, morto em dezembro de 2022. Emocionado, o ex-goleiro defendeu o pai como protagonista na “luta pelo povo preto brasileiro”.

“Ele [Pelé] ficava muito triste quando era negada sua importância nesse quesito”, relatou. Em meio a aplausos, Edinho chorou.

A premiação foi criada e é organizada pela ONG Afrobras e pela Universidade Zumbi dos Palmares. Nomes como Cartola, Milton Nascimento, Mano Brown, Zezé Motta, Elza Soares, Martinho da Vila, Jair Rodrigues e Wilson Simonal já foram homenageados.

A premiação faz parte da Virada da Consciência Negra de 2023.

BRUNO LUCCA / Folhapress

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