Trump consegue 2ª vitória seguida e leva New Hampshire, projeta imprensa

WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – Confirmando expectativas e frustrando esperanças, Donald Trump é o vencedor da primária de New Hampshire, realizada nesta terça (23), segundo projeção da Associated Press e do New York Times.

Resta saber agora a margem de vitória -se Trump repetir a lavada de Iowa, o feito será visto como o fim da candidatura de Haley e a confirmação da nomeação do empresário. Por outro lado, se a distância for pequena, a candidatura ter alguma sobrevida.

Com um eleitorado mais moderado e possibilidade de participação de independentes na votação, o estado da Costa Leste dos Estados Unidos era a principal esperança para a campanha de Nikki Haley, a última adversária do ex-presidente que restou na corrida republicana.

A ex-embaixadora dos EUA na ONU assumiu o lugar de Ron DeSantis no fim do ano passado como a principal aposta da ala do partido resistente a Trump, angariando apoios importantes de críticos ao ex-presidente e doadores de campanha, como os irmãos Koch.

Sua derrota nesta terça (23) reforça o fracasso desse empenho ante o engajamento incansável da base trumpista. Nos últimos dias, mesmo outros pré-candidatos que tentaram se vender como opções ao ex-presidente, como o senador Tim Scott e o próprio DeSantis, declararam apoio a ele.

Newsletter Lá fora Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo *** A aposta em Haley ganhou algum fôlego com seu crescimento nas pesquisas de intenção de voto em New Hampshire, principalmente após a desistência de Chris Christie, o crítico mais vocal de Trump na corrida, no início do mês. O ex-governador de Nova Jersey vinha fazendo campanha praticamente só nesse estado.

A ascensão de Haley, porém, tornou-a alvo preferencial da campanha de Trump. O empresário passou a se referir jocosamente a ela, filha de imigrantes da Índia, como Nikki “Nimrada” Haley (seu nome indiano correto é Nimarata).

Imigração foi, justamente, um dos temas escolhidos para atacá-la. Na última semana, a campanha do ex-presidente afirmou, por exemplo, que Haley quer uma “imigração ilimitada” e destacou uma frase de uma entrevista dada por ela em 2022 na qual ela afirmou que “imigrantes legais hoje em dia são mais patriotas do que a maioria dos americanos”.

Outra frente foi a questão da Previdência. Defensora de reformas, como a elevação da idade para aposentadoria, Haley foi acusada de querer acabar com benefícios sociais, inclusive o Medicare, de assistência médica.

A republicana, por sua vez, revidou questionando a aptidão física e mental de Trump, considerando seus 77 anos de idade –a mesma estratégia empregada pelo Partido Republicano contra o democrata Joe Biden, 81.

“Não estou dizendo nada depreciativo, mas quando se lida com as pressões da Presidência, não podemos ter alguém que questionamos se está mentalmente apto a ocupar esse posto”, afirmou em um comício no sábado (20). Dias antes, ela já havia falado que “a maioria dos americanos acha que ter duas pessoas de 80 anos de idade concorrendo pela Presidência não é o que eles querem”.

Trump, de fato, tem cometido confusões. A mais recente foi confundir Haley com a ex-presidente da Câmara dos Deputados, a democrata Nancy Pelosi, durante um discurso no fim de semana. A ex-governadora da Carolina do Sul aproveitou o erro para relembrar as diversas vezes em que o empresário afirmou que concorreu contra seu antecessor na Casa Branca, Barack Obama (2009-2017), algo que nunca aconteceu -Trump venceu Hillary Clinton em 2016 e perdeu de Biden em 2020.

Em resposta, ele disse que nunca se sentiu tão bem, inclusive “cognitivamente”.

Na campanha, Haley buscou se vender como uma alternativa conservadora, mas mais moderada e menos caótica do que o empresário, além de mais próxima da ala tradicional do partido. Mas, após a vitória acachapante de Trump em Iowa na semana passada, os ânimos esfriaram, e a distância dela para o líder na corrida voltou a crescer.

A próxima primária em que os dois se enfrentam é justamente a Carolina do Sul, terra natal de Haley, governada por ela de 2011 a 2017. Apesar disso, pesquisas apontam o ex-presidente com 60% das intenções de voto no estado. Assim, a decepção em New Hampshire nesta terça pode ser o prenúncio de uma derrota constrangedora para Haley em seu quintal.

Questionada por jornalistas, ela afirma que, independentemente do resultado em New Hampshire, pretende se manter na corrida pelo menos até a Super Terça, em 5 de março. No entanto, a derrota desta terça coloca ainda mais pressão para que ela desista.

Trump já havia conseguido 20 delegados em Iowa e Haley, 7. Em New Hampshire, estão em jogo 22, distribuídos proporcionalmente entre aqueles que pontuam 10% ou mais nas urnas.

Assim, a vitória de Trump torna praticamente impossível uma reviravolta nas próximas primárias, onde o eleitorado conservador -e mais alinhado ao empresário- tem maior peso.

O próximo estado com um perfil um pouco mais próximo de New Hampshire a votar é Michigan, que permite a participação de independentes. Mesmo lá, Haley tem 16% das intenções de voto, ante 64% de Trump.

FERNANDA PERRIN / Folhapress

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