Trump diz que invasão do Capitólio foi ‘dia do amor’

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O republicano Donald Trump, candidato à Presidência dos Estados Unidos, afirmou em um evento de campanha nesta quarta (16) que a invasão do Capitólio, ocorrida em 6 de janeiro de 2021, representou um “dia do amor” em que “nada de errado” aconteceu. Na ocasião, apoiadores do ex-presidente adentraram no Congresso numa tentativa de impedir a certificação da vitória de Joe Biden. Cinco pessoas morreram.

A declaração, ocorrida em uma reunião com eleitores latinos na cidade de Miami, aumenta a lista de falas controversas feitas por Trump nos últimos dias, algo que vem sendo explorado pelo Partido Democrata. Na reta final da campanha, aumentam os questionamentos a respeito da sanidade mental do republicano.

Além de ignorar os episódios de violência no 6 de Janeiro, Trump aproveitou o evento para reforçar retóricas e promessas de campanha. Ele voltou a criticar a entrada nos EUA de migrantes em situação irregular, associando-os sem provas ao aumento da criminalidade e do desemprego. Também disse que outros países enviam criminosos e pacientes de instituições psiquiátricas ao território americano.

O candidato defendeu “eleições honestas” em 5 de novembro, mas tergiversou ao ser questionado sobre o que faria para unir os americanos. “O que unirá o nosso país é o sucesso”, limitou-se a dizer. Antes, durante debate com Biden, o republicano disse que aceitará o resultado do pleito “se for livre e justo”.

Trump ainda negou as mudanças climáticas, o que tem sido recorrente durante a campanha a despeito de evidências científicas que mostram o contrário. “O verdadeiro aquecimento global com o qual temos que nos preocupar é o nuclear”, disse o republicano, em referência aos aumentos das tensões entre a Otan, a aliança militar ocidental liderada pelos EUA, e a Rússia, que desde 2022 trava combates na Ucrânia.

Horas depois de causar alvoroço com as declarações no evento em Miami, Trump voltou a ser alvo de críticas por mais declarações controversas. Nesta quinta (17), ele responsabilizou o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, pelo início do conflito em seu país. Também criticou o líder do país invadido por “não buscar a paz” e sugeriu a Kiev que faça concessões para encerrar o conflito.

Os comentários, feitos em entrevista ao PBD Podcast, aumentam os temores de que os EUA mudem a política de ajuda à Ucrânia contra a Rússia caso Trump vença a disputa pela Casa Branca. Durante a campanha, o republicano já disse várias vezes que Zelenski é o “o maior vendedor da Terra” por ter pedido e recebido bilhões de dólares em apoio militar desde que o conflito começou.

Em uma das controvérsias mais marcantes da atual disputa, a pequena Springfield, no estado de Ohio, foi alçada ao centro do noticiário nacional americano após Trump amplificar em debate presidencial a mentira de que imigrantes haitianos estariam roubando e comendo animais de estimação na cidade.

Trump voltou a comentar o assunto nesta quarta, durante o evento com eleitores latinos. Ele não negou a informação, apesar de autoridades já a terem rechaçado. “Eu estava apenas dizendo o que foi relatado… E [migrantes estavam] comendo outras coisas também que não deveriam. Tudo o que eu faço é relatar”, disse o republicano. “Eu estava lá, estarei lá e daremos uma olhada.”

Questionamentos sobre a aptidão mental de Trump aumentaram depois que ele ficou por quase 40 minutos no palco, às vezes dançando, às vezes só parado, enquanto todos ouviam uma playlist que foi de “Ave Maria” ao musical “Cats” durante evento de campanha na Pensilvânia na segunda (15).

Enquanto isso, apoiadores do ex-presidente filmavam ele no palco. Alguns dançavam, e eventualmente cantavam junto algumas músicas. O clima geral era de um certo estranhamento com a situação, com as pessoas sem entender se era para ir embora ou não, segundo jornalistas que estavam no local.

Uma enxurrada de reportagens destacou a peculiaridade do ocorrido. Nas redes sociais, opositores do ex-presidente compartilharam vídeos para argumentar que ele está senil.

Redação / Folhapress

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