SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Apesar de ter perdido as eleições em estados que tradicionalmente votam no Partido Democrata, como Califórnia, Nova York, Nova Jersey e Illinois, o republicano Donald Trump reduziu as margens de vantagem da candidatura democrata nas cidades que antes eram bastiões do partido da vice-presidente Kamala Harris, como Chicago e Los Angeles.
Em Nova York, Trump conseguiu reduzir as margens da vantagem democrata em quatro das cinco regiões da cidade: Manhattan, Brooklyn, Bronx e Queens. Em Staten Island, o republicano vence as eleições presidenciais desde 2016, e sua vantagem sobre candidatos democratas dobrou de 15 para 30 pontos percentuais em 2024.
Nas demais regiões da maior cidade dos EUA -que Trump chamou de decadente em maio deste ano, depois que um júri o condenou por 34 crimes de falsificação de registros comerciais-, a queda na vantagem democrata foi mais abrupta no Bronx: caiu 33 pontos desde o pleito de 2016, contra Hillary Clinton, democrata derrotada nacionalmente.
O Bronx é seguido pelo Queens, região onde o republicano nasceu e onde está concentrada a maior parte de seus apoiadores: quase 250 mil eleitores. A vantagem de 24 pontos percentuais de Kamala na região, no entanto, é menos da metade dos 53,6 pontos que Hillary abriu contra o republicano oito anos atrás.
Ambas as regiões concentram populações latinas, negras e de migrantes asiáticos da cidade, que estão entre os grupos cujo voto mais migrou da candidatura democrata para a republicana.
“Trump se saiu melhor entre alguns grupos importantes que tradicionalmente votam nos democratas, como homens negros e homens hispânicos. Mas, no quadro geral, Trump se beneficiou de um desejo de mudança”, afirma o cientista político Jonathan Hanson, professor de estatística da Universidade de Michigan.
No total, Kamala recebeu pouco mais de 1,3 milhões de votos, enquanto, em 2020, Joe Biden recebeu pouco mais de 2,3 milhões de votos. Trump, o candidato republicano dos dois pleitos, teve quase 728 mil votos na cidade de Nova York em 2024 e cerca de 653 mil quatro anos antes.
“Trump perdeu por voto popular em 2020 por mais de 7 milhões de votos. E, embora ainda não tenhamos a contagem final, parece que Donald Trump pode acabar com menos votos em 2024 do que recebeu em 2020, a nível nacional”,
“Então, o que aconteceu? Kamala Harris obteve muito menos votos do que Joe Biden em 2020. Ela não foi capaz de mobilizar uma alta participação em muitos redutos democratas tradicionais”, completa.
Segundo o cientista político, parte disso pode ser explicado pelo fato de a corrida presidencial ter sido tão concentrada nos sete estados-pêndulo, considerados o principal campo de batalha das eleições.
“Nos estados em que a corrida presidencial não foi competitiva, o comparecimento foi menor, especialmente se não houve uma eleição acirrada para governador ou senado”, explica.
Do outro lado do rio Hudson, na vizinha Jersey City, do estado de Nova Jersey, a vantagem democrata também caiu pela metade, de 52 pontos percentuais em 2016 para 24 nas eleições deste ano.
Em Chicago, capital do estado de Illinois e berço político do ex-presidente democrata Barack Obama, Kamala obteve 69% dos votos, enquanto Trump ficou com 30%, de acordo com resultados preliminares. A diferença de 39 pontos percentuais em favor do Partido Democrata caiu de 50 pontos percentuais em 2020 e de 54 em 2016.
Los Angeles, no estado da Califórnia, que já elegeu tantos democratas quanto republicanos desde os anos 1960, Trump obteve 33,5% dos votos contra 63,7% de Kamala. Em 2020, havia obtido 27% contra 71% de Joe Biden. E, em 2016, 22,4% contra 71,8% de Hillary. A vantagem democrata encolheu, em oito anos, quase 20 pontos.
FERNANDA MENA E JÚLIA BARBON / Folhapress