Trump ignora polêmica sobre Porto Rico e fala em pena de morte a imigrante que assassinar americano

WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Donald Trump ignorou a polêmica racista sobre Porto Rico que envolveu sua campanha desde domingo (27) e afirmou nesta terça-feira (29) que vai impor pena de morte para imigrantes que assassinarem cidadãos americanos, caso seja eleito. Ele não explicou, porém, como isso poderia ser feito, uma vez que atualmente cada estado tem sua própria política sobre execução de condenados da Justiça.

A pena de morte é empregada raramente em nível federal, em geral associada a crimes como traição ao país e espionagem. Das 16 execuções que ocorreram desde 2000, 13 foram no fim do governo Trump (2017-2021), segundo o Centro de Informação sobre Pena de Morte.

A promessa é uma escalada dos ataques do candidato republicano contra imigrantes na reta final da eleição. Em sua fala em Mar-a-Lago, seu resort na Flórida, também disse que imigrantes que voltarem aos EUA depois de serem deportados serão presos por dez anos.

Trump minimizou os problemas econômicos —a maior insatisfação dos americanos, segundo pesquisas, e uma das áreas onde a campanha democrata de Kamala Harris é mais vulnerável—, dizendo que imigração é a maior questão desta eleição.

Ele buscou se esquivar do episódio ocorrido no comício de domingo no Madison Square Garden, em Nova York, quando o humorista Tony Hinchcliffe disse que Porto Rico, território pertencente aos EUA sob o status de Estado associado, é uma “ilha flutuante de lixo”, além de fazer piadas racistas com latinos.

Trump declarou que o evento foi um “festival de amor” e criticou pessoas que compararam o comício com um encontro promovido por simpatizantes nazistas no mesmo local em 1939. Ele não respondeu a perguntas de jornalistas, como costuma fazer nessas ocasiões.

Antes de sua fala na Flórida, Trump disse que não sabia quem era Hinchcliffe. “Não o conheço, alguém o colocou ali”, declarou à rede ABC. Ele insistiu que não ouviu nenhuma das piadas, feitas antes de ele entrar no palco da arena em Nova York.

Havia uma expectativa de que Trump pudesse comentar a reação negativa que vem sofrendo. O vice, J.D. Vance, afirmou que as pessoas precisam parar se de ofender tão facilmente. Natural de Porto Rico, o rapper Bad Bunny, um dos maiores artistas da atualidade, endossou Kamala Harris ainda no domingo. A atriz e cantora Jennifer Lopez, cujos pais nasceram na ilha caribenha, e o cantor e ator porto-riquenho Ricky Martin foram outras personalidades que criticaram o republicano.

Apesar de serem oficialmente cidadãos americanos, os porto-riquenhos que vivem na ilha não têm direito a voto na eleição presidencial, mas podem fazê-lo caso residam em qualquer um dos 50 estados americanos. Em 2021, 5,8 milhões deles se enquadravam nessa condição, segundo análise do Pew Research Center com base em dados do governo.

No estado-pêndulo da Pensilvânia, crucial para o pleito, 3,8% da população é de Porto Rico ou descendente, de acordo com a organização Puerto Rico Report. Somente na cidade da Filadélfia, cerca de 140 mil pessoas (15% do total) pertencem a esse grupo.

Também nesta terça, Trump disse que a eleição está indo bem apesar de supostos problemas na votação no estado. O comentário do empresário, a uma semana da eleição, é uma das primeiras amostras concretas da estratégia de jogar dúvidas sobre a lisura do pleito. Em um email enviado a jornalistas, sua campanha afirmou que uma eleitora republicana teria sido presa na Pensilvânia numa seção eleitoral.

O estado tem o maior número de delegados (19) em disputa entre os sete que devem decidir a corrida presidencial do dia 5 de novembro. Em 2020, Biden venceu lá por uma margem de apenas 1,2 ponto percentual, ou menos de 82 mil votos. No pleito atual, pesquisas mostram Kamala e Trump empatados na região.

Em um vídeo compartilhado no X, uma mulher é levada por policiais em um dos locais onde ocorre votação antecipada. Ela diz que funcionários da seção estariam orientando as pessoas a irem embora, e que se manifestou contra isso. Na mesma gravação, porém, outra pessoa na fila diz que a mulher estava tentando influenciar eleitores, o que vai contra as regras eleitorais.

Também no X, Trump afirmou que o condado de York teria recebido milhares de registros fraudulentos de eleitores e de pedidos de células para votar por correio. As autoridades do condado afirmaram que receberam um grande volume de documentos e que eles estão sendo processados e analisados para confirmar sua autenticidade, de acordo com um veículo local.

Uma pesquisa nacional divulgada nesta terça pela agência de notícias Reuters mostrou que a vantagem de Kamala sobre Trump nacionalmente, que já foi de sete pontos percentuais, caiu para apenas um: a vice-presidente marca 44% das intenções de voto contra 43% do republicano. O instituto Ipsos, que conduziu o levantamento junto com a Reuters, entrevistou 1.150 eleitores ao redor dos EUA.

FERNANDA PERRIN / Folhapress

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