Trump prefere o dólar fraco, câmbio continua sua escalada, pacote de contenção de gastos avança na Câmara e o que importa no mercado

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Donald Trump prefere o dólar fraco, mas tudo indica que não terá o que quer neste mandato. Câmbio continua sua escalada, pacote de conteção de gastos avança na Câmara, falta Guinness nos pubs britânicos e o que importa no mercado nesta quarta-feira (18).

DÓLAR MUSCULOSO

Você deve ter lido que o dólar está caro -por razões tanto internas, quanto externas.

Não somos um caso ímpar. A moeda dos norte-americanos ficou mais forte em todo lugar.

ESCALANADO

Ela valorizou-se 6,2% desde o início de outubro, o melhor trimestre desde que as taxas de juros começaram a aumentar nos EUA, em 2022. Bancos como Goldman Sachs, Morgan Stanley e UBS esperam que a moeda continue escalando.

O Deutsche Bank espera que ela iguale seu valor ao euro em 2025.

CONTRARIADO

Quem não gosta nada dessas projeções é o futuro presidente dos EUA, Donald Trump. Ele sustenta a visão de que um dólar forte coloca pressão excessiva sobre a economia americana.

A moeda mais cara favorece o comércio entre outros países, que usam divisas diferentes escapam de negociar com os Estados Unidos.

Quanto mais caro o dólar, mais caros os produtos exportados dos EUA. O preço alto pode fazer com que outros países

Uma das medidas econômicas mais divulgadas durante sua campanha -aumento de tarifas para exportações de outros países e redução de impostos- fortalecem o dólar, e não o contrário.

“É um pouco de ilusão [enfraquecer o dólar]. Há uma série de fatores contraditórios”, analisa Sonal Desai, diretora de investimentos da Franklin Templeton Fixed Income.

Nessas de aumentar os encargos tarifários das exportações, o Brasil entrou na dança. Trump citou nesta segunda-feira (16) o país como exemplo de excesso de tarifas alfandegárias sobre produtos americanos e disse que vai impor um tratamento semelhante às exportações estrangeiras.

“Se querem nos cobrar, tudo bem, mas vamos cobrar a mesma coisa”, disse Trump em entrevista coletiva.

E falando em tributos, a Câmara dos Deputados aprovou o texto-base da reforma tributária nesta terça-feira. Você encontra aqui os detalhes. Também explicamos o assunto na edição desta terça e da sexta-feira passada.

REAL MINGUADO

Por aqui, o dólar ultrapassou, ontem, a marca dos R$ 6,20, mas recuou com intervenções do Banco Central. Fechou o pregão aos R$ 6,095 -ainda sim um recorde de valor nominal.

Tentando segurar a escalada da divisa americana, o BC repetiu a mesma estratégia usada na segunda-feira: queimou uma parte das reservas internacionais em leilões. Foram realizados mais dois leilões extraordinários de câmbio, que ajudaram a conter a alta da moeda.

Com eles, o BC coloca mais dólares em circulação na economia brasileira, o que ajuda a reduzir o seu valor frente ao real -a boa e velha lei da oferta e da demanda.

Outra que não para de subir é a projeção para a taxa básica de juros brasileira no próximo ano. Na última quarta, o Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a Selic em 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano.

O comitê prevê um aumento de juros da mesma intensidade nas duas próximas reuniões, em janeiro e março de 2025.

14,25% será o valor da Selic caso altas sejam concretizadas. É o índice registrado na crise do governo Dilma Rousseff, em 2015 e 2016.

Sim, mas ontem, a Câmara aprovou texto-base de primeiro projeto do pacote de contenção de gastos do governo Lula. Foi a primeira sinalização concreta de que as medidas têm condições de avançar no Congresso Nacional.

A proposta não contempla alguns dos pontos centrais do pacote, como o limite ao ganho real do salário mínimo e as mudanças no BPC (Benefício de Prestação Continuada).

Ela prevê outros dispositivos relevantes, como a possibilidade de bloquear até 15% das emendas parlamentares para cumprir os limites do arcabouço fiscal.

CHINA QUER MAIS

Não é como se a presença chinesa no comércio global tivesse desaparecido. Entretanto, está menos aquecida do que já foi um dia.

A China teve um dos crescimentos mais impressionantes já vistos em duas décadas (anos 1990 e primeiras décadas dos 2000).

Investimento em infraestrutura e na indústria de exportação puxaram as altas.

Desde a crise econômica de 2008, a evolução entrou em estabilização –ainda em um ritmo impressionante– golpeada pela pandemia. A briga da gestão atual é para retomar a aceleração da economia.

EXPECTATIVA X REALIDADE

A meta de crescimento econômico para 2025 é de 5%.

Em 2022, era de 5,5%. O país cresceu 3% naquele ano. Em 2023, era a mesma, e o crescimento foi de 5,2%. A projeção do FMI para a evolução em 2024 é 4,8%.

MÉTODOS

Para bater os objetivos, Xi Jinping, líder chinês, vai gastar dinheiro. O governo local concordou na semana passada em subir o déficit orçamentário para 4% do PIB.

Ainda, devem reduzir os juros e a exigência de reservas dos bancos.

Segundo líderes do Partido Comunista Chinês, a ideia é ter uma política fiscal “mais proativa” -leia-se, mais liberal.

“Construir um ambiente de negócios orientado ao mercado, baseado em internacionalização”, afirmou Jinping.

DE DENTRO PRA FORA

O problema é que o consumo doméstico enfraqueceu nos últimos anos. O mercado imobiliário, outro grande propulsor do desenvolvimento chinês, também perdeu força.

Isso fez a China voltar-se para o consumo externo. O governo deve impulsionar o aumento da produção fabril de produtos populares de exportação, como os têxteis.

RISCO TRUMP

Os planos chineses podem ser dificultados pelas promessas do presidente eleito dos EUA de taxar com força os produtos vindos do país. Ao mesmo tempo que tenta apaziguar os ânimos, a autoridade chinesa se prepara para a guerra tarifária.

FALTA CERVEJA

Se você achou que o racionamento de cerveja só acontecia no final do churrasco, está enganado. Também está ocorrendo em pubs no Reino Unido.

A Guinness, tradicional cerveja preta irlandesa, está em falta em terras britânicas, o que levou donos de bares criem sistemas de divisão do estoque entre os clientes.

“Demanda excepcional” é como a cervejaria justificou a escassez. Segundo a diretora executiva da Diageo (empresa que produz a bebida), Debra Crew, o consumo da cerveja aumentou 24% entre mulheres.

Para chamar a geração Z, a Guinness investiu em campanhas com influenciadores digitais de peso, como Kim Kardashian.

O resultado é que as campanhas deram certo, mas a produção não acompanhou. A Diageo teve que começar a restringir a quantidade de barris da cerveja escura que os pubs britânicos podem comprar devido ao aumento das vendas.

As vendas da marca no Reino Unido aumentaram 21% entre julho e outubro, de acordo com a empresa de pesquisa de mercado de alimentos e bebidas CGA by NIQ.

ESTRATÉGIAS

Sem estoque para vender, os pubs começaram a criar métodos para que haja cerveja para todos. No pub de Kate Davidson, em Londres, você precisa comprar duas outras bebidas antes de poder pedir uma Guinness.

A empresa responsável pelo fornecimento disse que está “maximizando o fornecimento”, mas alertou que “não conseguirá atender aos pedidos antes do Natal”.

“Se os jovens pararem de beber Guinness, esse problema acabará”, disse o escritor Howard Thomas, 79 anos, no pub Old Ivy House. “Deixe para os idosos.”

O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER

FORÇAS ARMADAS

Governo envia PL sobre previdência militar com regra de transição até 2032. Texto fixa idade mínima para ida à reserva remunerada e propõe o fim dos “mortos fictícios”.

JUSTIÇA

Justiça decreta falência da Sete Brasil, empresa de sondas alvo da Lava Jato. Em recuperação judicial há oito anos, companhia diz que decisão surpreende e que vai recorrer;

LUANA FRANZÃO / Folhapress

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