Tsunami de plástico feito com sacolas descartadas abre congresso lixo zero em Brasília

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Uma onda gigante de lixo plástico, de dez metros de altura e 20 de largura, feita com mais de 60 quilos de sacolas descartáveis recuperadas por catadores e catadoras de São Paulo, mudou a paisagem da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, na manhã desta terça-feira (25).

A instalação imersiva “Um Tsunami de Plástico”, idealizada pelo artista e ativista Mundano para a abertura do 3º Congresso Internacional Cidades Lixo Zero, reutilizou 1.100 sacolas plásticas emendadas, formando uma superfície de 605 metros quadrados.

Inspirada na famosa xilogravura de 1830 do artista japonês Katsushika Hosukai, chamada “A Grande Onda de Kanagawa”, o trabalho pretende alertar sobre a presença de plástico nos oceanos e funciona como um manifesto artístico.

Criado pelo coletivo Flutua e pelo Pimp My Carroça, projeto fundado por Mundano que desde 2012 dá visibilidade para o serviço ambiental prestado por catadores de materiais recicláveis em todo o Brasil, a instalação ficará aberta a visitação até a quinta-feira (27) no Museu Nacional, na capital federal.

Dentro da instalação, foi montada uma cenografia como se fosse o fundo do mar, com corais construídos com diversos resíduos plásticos, como restos de grama sintética, peças de EVA, garrafas PETe até vapers.

Segundo Mundano, a intervenção é provocativa tanto para consumidores, governos e para a indústria que coloca no mercado produtos que geram resíduos plásticos. Para ele, os consumidores precisam rever seus hábitos e recusar o consumo de plásticos desnecessários e de uso único enquanto a indústria precisa repensar suas embalagens “tão pouco inteligentes, cheias de erros de design, que são usadas por poucos segundos” antes de serem descartadas.

“A intervenção é também um recado para que o poder público avance na legislação contra o verdadeiro tsunami de plástico que não para de invadir a vida das pessoas”, diz o artista. “Ninguém aguenta mais tanto plástico nos nossos rios, mares, calçadas e até na nossa comida, em forma de microplásticos.”

Definido como ameaça ao planeta, o lixo plástico gerou uma crise ambiental global e é o foco do Tratado Global Contra a Poluição Plástica, que a Organização das Nações Unidas pretende concluir até o final de 2024.

Só em 2019 cerca de 22 milhões de toneladas de lixo plástico foi parar nos oceanos, segundo estudo da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Estimativas apontam que, se nada for feito para deter esse fluxo descontrolado de resíduos plásticos, em 2050 haverá mais plástico do que peixe nos oceanos.

A terceira edição do Congresso Internacional Cidades Lixo Zero, organizado pelo Instituto Lixo Zero, terá 40 painéis de discussão sobre as dimensões social, econômica e de governança dos processos de redução da produção de resíduos sólidos e de desenvolvimento de cidades sustentáveis.

O congresso, reúne expoentes nacionais e internacionais das cidades lixo zero, com foco no Sul Global. Há palestrantes da Itália, Nepal, Moçambique, Angola, Colômbia, Uruguai, Argentina, Paraguai e Estados Unidos.

A instalação imersiva da megaonda plástica foi desenvolvida pelo Movimento Reinventando Futuros por meio do projeto Maré de Mudanças, que promove a conscientização sobre as ameaças aos oceanos e incentiva ações para a conservação dos recursos marinhos.

FERNANDA MENA / Folhapress

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