SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Ucrânia disse nesta sexta (28) ter consolidado ganhos no sul do país na nova etapa da contraofensiva, iniciada na véspera com combates mais intensos numa tentativa de recuperar territórios. Ao mesmo tempo, as tropas de Kiev conseguiram repelir novos ataques da Rússia no leste, segundo as autoridades.
As tropas ucranianas retomaram na quinta a pequena cidade de Staromaiorske, localizada a 120 km em linha reta de Zaporijia, onde os confrontos se concentram. “Sob fogo pesado de aeronaves e artilharia, os soldados ucranianos libertaram a região de Staromaiorske e agora consolidam as linhas alcançadas”, disse o porta-voz do Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia, Andrii Kovalov, nesta sexta.
O principal objetivo dos ucranianos é romper a ponte terrestre estabelecida por Moscou entre seu território, as áreas russas étnicas do Donbass (leste) e a Crimeia (sul), anexada em 2014 após a queda de um governo pró-Kremlin. A nova etapa da contraofensiva foi confirmada pelo próprio presidente russo, Vladimir Putin, que descreveu as ações de aumento das “hostilidades”.
Autoridades dos Estados Unidos disseram à rede CNN que a Ucrânia deslocou tropas para o sudeste, num sinal de que Kiev identificou possíveis fraquezas nas posições russas. Na primeira fase da contraofensiva, as forças do país invadido se limitaram a sondar as linhas inimigas em busca de pontos fracos.
Analistas militares, porém, ressaltam cautela. Enquanto Kiev preparava a contraofensiva, Moscou passou meses cavando trincheiras e outras posições defensivas, cercando-as fortificações –estratégias que tornaram os avanços ucranianos lentos e sangrentos. Segundo a agência Reuters, existem tipos novos de minas terrestres que podem detectar movimentos e são acionadas a dezenas de metros de distância.
A Ucrânia disse ainda ter repelido ataques russos na região leste. Mas Oleksandr Surskii, comandante ucraniano, admitiu que a situação nos arredores de Bakhmut é “muito tensa”. A cidade, conhecida como “moedor de carne” da Guerra da Ucrânia, foi tomada pelos russos em maio.
Putin vem minimizando os impactos das ações, afirmando que as forças ucranianas estavam sendo repelidas e sofrendo perdas significativas. No segundo dia da cúpula Rússia-África, em São Petersburgo, o líder russo acusou o Ocidente pelo aumento no preço global dos alimentos, que impacta sobretudo a África. Segundo ele, EUA e União Europeia imprimiram dinheiro na pandemia, e os “preços dispararam”.
Putin não voltou a mencionar, porém, a saída russa do acordo de exportação de grãos pelo mar Negro. Com o fim do pacto, o preço global dos alimentos deve subir de 10% a 15%, segundo projeção do FMI (Fundo Monetário Internacional).
Na véspera, Putin prometeu abastecer países da África com milhares de toneladas de grãos num esforço para demonstrar que tem aliados, apesar do isolamento no Ocidente em razão da ofensiva que promove no país vizinho e da tensão devido ao fim do acordo de exportação de grãos.
O chefe do Kremlin também voltou a dizer que respeita e estuda proposta enviada pelo grupo para acabar com a Guerra da Ucrânia, em curso há 18 meses. O principal entrave para o acordo é a disputa territorial. O Kremlin diz que vai lutar até que todos os seus objetivos sejam alcançados, e Kiev afirma que não vai descansar até que todos os soldados russos sejam expulsos de todo o seu território, incluindo a Crimeia.
Redação / Folhapress