Ucranianos e russos se evitam em pódios paralímpicos

NANTERRE E SAINT-DENIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – A final dos 100 m rasos T35 (deficiência moderada nos membros inferiores) dos Jogos Paralímpicos, realizada nesta segunda-feira (2), no Stade de France, teve um pódio diplomaticamente complicado: ouro para a Ucrânia, prata e bronze para a Rússia.

Ihor Tsvietov ouviu o hino da Ucrânia ladeado pelos russos Artem Kalashian (prata) e Dmitrii Safronov (bronze). A bandeira ucraniana foi hasteada entre duas bandeiras brancas com a inscrição “NPA”, a sigla em inglês para “Atletas Paralímpicos Neutros”.

Ucraniano e russos não se cumprimentaram, não posaram para a tradicional foto com as medalhas e mal se olharam. Os russos passaram direto pela área de entrevistas, e o ucraniano, abordado pela reportagem, pediu para não falar.

Um pouco distante dali, novo estranhamento no pódio. Na Arena La Défense, casa da natação, a prova dos 50 m livre da categoria S13 (para nadadores com deficiência visual menos severa) foi vencida pelo belarusso Ihar Boki. Em segundo, ficou o ucraniano Illia Yaremenko, seguido pelo compatriota Oleksii Virchenko.

Novamente, nada de cumprimentos ou fotos com o campeão.

Em 2022, tropas russas invadiram a Ucrânia, com a conivência de Belarus, dando início a um confronto que ainda não acabou.

Se nos Jogos Olímpicos os três países tiveram desempenho discreto, Rússia e Ucrânia são potências paralímpicas, tornando os encontros quase inevitáveis e gerando algum constrangimento.

Boki subiu ao pódio com um agasalho meio lilás e parecia ter saído de um dia de treinos na academia. Ele não pode usar as cores do país, assim como os russos –que usavam um agasalho verde no Stade de France. Os ucranianos, por sua vez, trajavam uma blusa amarela que, às costas, tinha o desenho do mapa do país.

Depois do hino da competição (nada de hino para Belarus), Yaremenko atravessou o pódio sem olhar para Boki e posou para fotos apenas ao lado de Virchenko.

Faltando seis dias para o fim da competição, esses encontros podem se repetir.

SANDRO MACEDO E ANDRÉ FONTENELLE / Folhapress

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