BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O União Brasil decidiu que irá apoiar a candidatura do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) à sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara dos Deputados. O partido tinha um postulante na disputa, Elmar Nascimento (BA).
O presidente da legenda, Antonio Rueda, o vice, ACM Neto, e o próprio Elmar irão tratar os termos da adesão do União Brasil à candidatura de Hugo. Elmar só deverá formalizar a desistência na disputa após essas conversas. A saída dele do páreo, no entanto, já é dada como certa por aliados.
Havia um temor entre integrantes do União Brasil de que o partido ficasse sem espaços em comissões temáticas e na própria Mesa Diretora caso mantivesse o nome de Elmar. Com a adesão do PT e do PL ao nome de Hugo, houve uma pressão dos parlamentares para que a sigla tomasse uma posição.
“Mantenho candidato. E o partido nos delegou carta branca, junto com Rueda e ACM Neto, para ter essas conversas”, disse Elmar após reunião da bancada e da executiva do partido nesta quinta-feira (31). “Não tenho resistência em desistir nem em continuar. A minha candidatura não é minha, nunca tratei no pessoal. É nossa, do meu partido e dos partidos que me apoiaram.”
Ele afirmou que conversará com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, e com o líder do partido, Antonio Brito (PSD-BA), que também é candidato. Os dois partidos fecharam aliança na disputa. “Tendo essas conversas com Hugo Motta e com Kassab, ver como a gente encaminha de maneira que seja melhor para o nosso partido e para o Congresso Nacional”, disse Elmar.
Brito disse manter a candidatura, apesar do arco que se fecha em torno de Hugo Motta. “Estou conversando com frequência com o presidente do meu partido, Gilberto Kassab. Mantemos a candidatura e agradeço o apoio da bancada do PSD”, disse.
De acordo com o deputado Pauderney Avelino (União Brasil-AM), “é natural que também se entenda que a candidatura [de Elmar] também está retirada”.
Rueda afirmou que Elmar sai “muito fortalecido” da reunião. “O diálogo vai ser aberto, exercitar com todos os candidatos e parceiros que seguiram até agora para a gente fechar um entendimento do que é melhor para o partido e melhor para o Congresso.”
No começo das negociações, Elmar era considerado o favorito a receber a chancela de Lira, mas foi preterido e viu seu aliado de primeira hora apoiar Hugo. Com isso, rompeu com o presidente da Câmara e se aliou a Brito. Eles tentaram atrair o PT e o governo afirmando que criariam um bloco governista, sem a participação do PL.
Antes da reunião, Elmar afirmou a jornalistas que chegou “muito mais longe do que poderia chegar” na disputa. “Nesse processo, eu já comecei perdendo, perdi um amigo que eu considerava o meu melhor amigo, o presidente Arthur Lira, o resto para mim é lucro.”
Ele negou, no entanto, que o deputado seja seu inimigo. “Não tenho inimigos na vida.” Também negou que esteja negociando um ministério no governo Lula. “Estamos tratando de sucessão da Câmara, ministério é do presidente Lula.”
Lira oficializou o apoio a Hugo na manhã de terça. Horas depois, o PP, partido do atual presidente da Casa, anunciou o mesmo, seguido depois pela chancela de outros partidos, como Podemos, MDB e PC do B, além do próprio Republicanos.
VICTORIA AZEVEDO / Folhapress