SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Convenção partidária do União Brasil realizada na manhã deste sábado (20) em São Paulo manteve a indefinição sobre se terá ou não candidatura própria na corrida à prefeitura da cidade.
Por unanimidade, 33 membros do diretório incluso membros da executiva do partido na cidade, vereadores, deputados federais e estaduais com domicílio em São Paulo votaram por delegar a decisão à executiva do partido, comandada pelo presidente da Câmara Municipal, Milton Leite, o que deve ocorrer até 5 de agosto, data final para as convenções partidárias.
Em resumo, o partido mantém por ora a pré-candidatura de Kim Kataguiri, deixa Milton Leite como plano B em caso de candidatura própria, amplia as chances de apoio à reeleição de Ricardo Nunes (MDB) e praticamente descarta coligação com o ex-coach Pablo Marçal (PRTB).
Um dia antes Milton se reuniu com o prefeito. Apesar de declarar que o ambiente com ele “melhorou 90%”, Milton evitou garantir o apoio ao emedebista.
Neste sábado, disse que faltam ajustar pequenos pontos, citando o pleito por uma secretaria de proteção aos mananciais e de outra para de proteção aos animais, assim como o complemento da frota de elétrica em São Paulo.
“A relação com o senhor prefeito melhorou muito, dirimiu-se muitas dúvidas que nós tínhamos. Se a aliança por acaso ocorrer com o Ricardo Nunes, nós vamos exigir um governo de coalizão nos moldes europeus. O União Brasil tem projetos nacionais e não vamos nos pautar só pelas eleições municipais”, afirmou, acrescentando que a decisão pode vir “a qualquer momento”.
O deputado Alexandre Leite, presidente do diretório estadual da sigla e filho do vereador, disse que o União caminha para apoiar Nunes, o que, segundo ele, dependerá do compromisso sobre cargos no futuro governo.
“Não havendo a possibilidade de continuidade com o Ricardo Nunes, a preferência da executiva estadual é por uma candidatura própria”, declarou.
O União Brasil tem a terceira maior fatia do fundo eleitoral e do tempo de propaganda na TV, atrás apenas de PL e PT.
Líder do MBL (Movimento Brasil Livre), Kim lançou a pré-candidatura em janeiro, mas não conseguiu crescer nas pesquisas. O deputado disse que se mantém na disputa e trabalha para consolidar apoio com outros integrantes da legenda.
Na última pesquisa Datafolha, divulgada em 5 de julho, ele marcava 3%. Nunes aparece na liderança em empate técnico com Guilherme Boulos (PSOL), com 24% e 23%, respectivamente.
Na noite de quinta-feira (18), o partido aumentou a pressão sobre Nunes ao ameaçar lançar Milton candidato à prefeitura na convenção. No portão do diretório, uma imagem com a silhueta de Milton e a pergunta “Será?” mantinha o clima de indefinição. O vereador não afastou a possibilidade.
“O que está colocado é a minha [pré-candidatura] e a do Kim, que eu não tenho essa gana de ser. O Kim já tinha até plano de governo para a cidade de São Paulo, ele é um deputado federal nosso, respeitável e tem e terá o respeito da comissão executiva municipal, estadual e federal nossa, como todos os parlamentares”, disse Milton neste sábado, afastando o nome de Pablo Marçal.
“Se for para uma disputa nesse campo com 10%, prefiro disputar candidatura própria. Não estou descartando, mas há uma discussão e o União Brasil prefere candidatura própria nesse momento se for isso”, afirmou.
No início do mês, o vereador afirmou que a relação com o prefeito estava péssima e ameaçou desembarcar da coligação que apoia a reeleição de Nunes, composta por 10 legendas.
A relação entre Milton e o prefeito ficou estremecida após pedidos não atendidos, declarações de Nunes que desagradaram o vereador e o fato de o dirigente do União Brasil ter sido preterido na escolha do vice, posto que ficou com o bolsonarista Ricardo Mello Araújo (PL).
O presidente da Câmara Municipal acabou enfraquecido por estar na mira do Ministério Público no contexto da investigação que apura se empresas de ônibus são usadas para lavar dinheiro do PCC.
Nunes afirmou, na noite desta quinta, que não sabia o que motivou as reclamações de Milton e que esperava ter o apoio do partido após a conversa com o vereador.
As convenções, que devem ser realizadas pelos partidos de 20 de julho a 5 de agosto, são reuniões formais de filiados para escolher seus candidatos e coligações na eleição.
Em 2023, Milton Leite foi eleito pela quarta vez seguida presidente da Câmara Municipal. Ao longo da gestão de Nunes, a visão de aliados do vereador é de que ele foi fiador do governo aprovando leis de interesse do Executivo e emprestando seu capital político ao prefeito, que assumiu após a morte de Bruno Covas (PSDB) em 2021.
O vereador não disputará a eleição, mas a legenda lançou 56 pré-candidaturas na expectativa de ampliar a bancada de 7 para 12 vereadores.
GÉSSICA BRANDINO / Folhapress