União Europeia anuncia empréstimo de EUR 35 bilhões à Ucrânia com ativos russos congelados

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A União Europeia concederá um empréstimo de até € 35 bilhões (o equivalente a R$ 211 bilhões) à Ucrânia para ajudar o país em guerra com a Rússia há mais de dois anos. O anúncio foi feito pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, nesta sexta-feira (20), em Kiev.

O empréstimo faz parte de um plano mais amplo entre as nações do G7 para arrecadar fundos usando os lucros de ativos russos congelados para sancionar o país por invadir seu vizinho.

“Fico feliz em anunciar que a Comissão adotou as propostas que permitirão à União Europeia emprestar € 35 bilhões à Ucrânia”, disse Von der Leyen em entrevista coletiva ao lado do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski. “É um grande passo adiante.”

Von der Leyen depois comentou a situação em postagem no X. “Ataques implacáveis russos significam que a Ucrânia precisa de apoio contínuo da UE.”

Kiev deve receber a primeira parcela em julho de 2025, disseram diplomatas da UE, sem nenhuma condição prévia. O repasse poderá ser integrado diretamente ao orçamento nacional ucraniano. Esse dinheiro vem dos lucros em cima dos cerca de US$ 300 bilhões (R$ 1,6 trilhão) retidos em instituições financeiras ocidentais que pertencem a empresas ou ao Estado russo. A medida vem sendo debatida há meses, com temor por parte dos aliados de Kiev de que poderia violar regras do direito internacional.

Em junho, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que estava claro “para todos os países, empresas e fundos soberanos que seus ativos e reservas estão longe de estar seguros”. “Apesar de toda a chicana, roubo seguirá certamente sendo roubo. E não ficará impune.”

A expectativa é de uma liberação de entre €2,5 e 3 bilhões (entre R$ 15 e 18 bilhões) de euros por ano para ajudar a Ucrânia a obter armamento e a financiar a reconstrução após a guerra.

A Ucrânia precisa de crédito após mais de dois anos de um conflito que destruiu boa parte de sua infraestrutura. A Rússia desativou cerca de 9 gigawatts (energia produzida por várias usinas elétricas juntas) do parque energético ucraniano.

Em maio, a UE fechou um acordo entre seus Estados membros, segundo o qual 90% dos lucros de ativos russos iriam para um fundo administrado pelo bloco para ajuda militar à Ucrânia, com os outros 10% destinados a apoiar Kiev de outras maneiras.

A tentativa de sufocar o financiamento e fornecimento de tecnologia para Moscou não é novidade, e as primeiras tentativas foram superestimadas. Em março de 2022, logo após o início da guerra, Joe Biden anunciou uma rodada inicial de sanções financeiras e disse que o rublo, a moeda russa, seria destruído. Após um breve período de perda de valor e de instabilidade, a moeda se recuperou e, embora hoje não esteja tão forte quanto há um ano, a economia russa dá sinais de expansão.

Fortalecer a ajuda financeira à Ucrânia é uma prioridade do G7, com autoridades dos EUA e da Europa ansiosas diante de uma eventual reeleição de Trump —que já disse ter relação pessoal com Putin— e da incerteza que isso traria sobre o futuro apoio dos EUA a Kiev.

Redação / Folhapress

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