União Europeia redireciona satélite ao Rio Grande do Sul para cooperar com Brasil

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Eram quase 19h desta quinta-feira (9) quando as cores e os símbolos das bandeiras do Brasil e da União Europeia (UE) se uniram de cima a baixo na ponte Octavio Frias de Oliveira, um dos cartões-postais da cidade de São Paulo.

Ao longo de cinco minutos, projeções sobre os 138 metros, altura da ponte, misturaram as 12 estrelas douradas do símbolo da UE com as quatro cores do emblema brasileiro.

O espetáculo visual marcou um Dia da Europa (9 de maio) atípico. Celebrada pela embaixada da União Europeia no Brasil desde 1986, o evento tem sido realizado em Brasília. Esta foi a primeira vez que ocorreu fora da capital federal.

Antes da projeções, houve uma breve cerimônia no espaço de eventos Varanda Estaiada, situado na marginal Pinheiros, ao lado da ponte.

Depois da interpretação dos hinos do Brasil e da União Europeia pela Orquestra Sinfônica Heliópolis, regida pelo maestro Edilson Ventureli, a alemã Marian Schuegraf, embaixadora da UE no Brasil, fez um discurso em que enalteceu a democracia e reforçou a relevância das parcerias políticas e econômicas.

Para um público de pouco mais de cem pessoas, formado, em grande parte, por diplomatas e empresários, ela também lembrou a Guerra da Ucrânia. “A União Europeia vive hoje um novo desafio, que é a guerra da Rússia contra a Ucrânia. Nesse sentido, é importante reconhecer a perspectiva de adesão da Ucrânia ao que eu chamaria de ‘família europeia’.”

Outro desafio, afirmou Schuegraf, é o desenvolvimento da” inteligência artificial generativa, que representa oportunidades, mas também traz ameaças, como a desinformação que fragiliza as democracias”.

Neste momento do discurso, ela lembrou a campanha de lideranças políticas e da população em defesa das eleições direitas para presidente da República ao longo de 1983 e 1984. “A democracia brasileira está enraizada no movimento das Diretas, cujo 40º aniversário comemoramos recentemente.”

Ao citar o movimento, ela lembrou o empresário Octavio Frias de Oliveira, que era publisher do jornal Folha de S.Paulo no período das Diretas e dá nome à ponte estaiada.

A embaixadora também expressou solidariedade à população do Rio Grande do Sul e lembrou o apoio que a UE tem dado ao estado por meio do programa especial Copernicus. Um dos satélites, de acordo com ela, foi reorientado para aquela região a fim de transmitir dados que possam ser relevantes nesse período de recuperação.

As inundações no Rio Grande do Sul também foram lembradas nos discursos de Gilberto Kassab, secretário de Governo e Relações Institucionais do estado de São Paulo, e de Sérgio Dávila, diretor de Redação da Folha de S.Paulo.

O jornalista lembrou que, a partir do final de 1983, a Folhade S.Paulo passou não apenas a cobrir atentamente o movimento pelas eleições diretas no Brasil como também se engajou na campanha. “A emenda Dante de Oliveira foi derrotada no fim de abril de 1984, mas o povo brasileiro demonstrou desde então que estava firme ao lado da democracia e da imprensa livre, como está até hoje”, afirmou Dávila.

Ele agradeceu a homenagem à Folha de S.Paulo feita pela UE, “historicamente ligada à liberdade de opinião e à igualdade de direitos, entre outros valores”.

Último a discursar, Kassab (PSD) saudou os imigrantes —entre eles, os europeus— que ajudaram a construir São Paulo. “É uma honra para o nosso estado receber o primeiro Dia da Europa fora de Brasília”, afirmou o secretário. A ponte estaiada foi inaugurada em 2008, quando Kassab era prefeito da capital paulista.

O evento promovido pela UE chegou ao fim com um espetáculo composto por dezenas de drones, que fizeram movimentos coreografados sobre o rio Pinheiros.

NAIEF HADDAD / Folhapress

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