SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A UniPalmares (Universidade Zumbi dos Palmares), em São Paulo, comemora 20 anos em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, com projetos de expansão, novos cursos e EAD (ensino a distância).
Segundo o reitor José Vicente, a universidade vai lançar cursos de enfermagem, economia e engenharia ambiental, além do ensino a distância.
“Estamos finalizando as formulações e a estruturação, mas no meio do próximo ano já começamos esses três novos cursos e também o EAD, porque assim a gente vai estar pronto, ainda que não fisicamente, para levar a Zumbi para todos os cantos do país. Isso já está definido e a gente deve comunicar as novas ações até o final do mês de novembro”, diz José Vicente.
Levar novos campi para outras capitais também está nos planos da instituição para os próximos anos.
“Nós temos um desejo e uma vontade muito intensa de poder chegar em outros espaços territoriais. Logicamente, tanto o Rio de Janeiro, quanto Salvador, quanto Minas Gerais, no primeiro momento, são as localidades para as quais nós vamos trabalhar para chegar fisicamente”, afirma o reitor.
José Vicente diz que o Brasil ainda está atrasado no uso da educação para equilibrar as oportunidades de brancos e negros. Como exemplo, citou a norte-americana Howard University, conhecida como Harvard Negra.
“A Howard University é uma universidade negra fundada em 1847 para formar os primeiros médicos negros. Estamos um ano-luz atrás da possibilidade, da perspectiva que a educação oferece e de que o Brasil precisa trilhar para equilibrar essa agenda [da igualdade]. Deveríamos ter uma Universidade Zumbi dos Palmares em cada esquina, para resolver o problema tanto do acesso como da qualificação desse recurso humano”, avalia.
A UniPalmares se dedica à inclusão de pessoas negras e de baixa renda no ensino superior, com foco na valorização da identidade negra, e é a única idealizada por negros. É pioneira na América Latina e continua sendo a única do Brasil.
“Nós fomos os pioneiros em introduzir essa perspectiva de uma ação de construção e de transformação da trajetória do negro de forma autônoma e comunitária, porque nós não percebemos o debate de cotas nas universidades, na sociedade. Quando o país fez uma concessão para disponibilizar cotas nas universidades, nós já propusemos uma universidade para negros. Então eu acho que nós fomos revolucionários nessa perspectiva.”
De acordo com o reitor, dizia-se que não era possível fazer políticas afirmativas em um país miscigenado.
“Acho que tem um Brasil antes da Zumbi e um Brasil depois da Zumbi, porque ela colocou uma provocação para o estado e para o país de que toda aquela justificativa de que não era possível, de que não tinha o que ser feito para combater desigualdades nos acessos, a gente jogou por terra, porque colocamos, afinal, de pé uma perspectiva que o país, em toda a sua história, se recusou a conduzir”, afirma.
A universidade já formou 5.000 alunos nesses 20 anos. Atualmente, diz José Vicente, tem 1.500 estudantes, que pagam mensalidade em torno de R$ 350. Ainda segundo o reitor, 75% deles são negros. Cerca de 65% dos professores também são negros.
A UniPalmares oferece os cursos de bacharelado e licenciatura em publicidade e propaganda; pedagogia; direito; e administração. Tem superior de tecnologia em transporte terrestre; gestão de segurança privada; segurança da informação; e gestão de recursos humanos. Há ainda pós-graduação em africanidades e cultura afro-brasileira; especialização em direito empresarial e em direito público.
Como parte das comemorações, foi lançada a Exposição 20 Anos da Universidade Zumbi dos Palmares, no Centro Cultural São Paulo. A mostra traz painéis com fotos e textos sobre a trajetória e o impacto da universidade na vida dos alunos e na sociedade.
Exposição “20 Anos da Universidade Zumbi dos Palmares”
Quando: até 8 de dezembro de 2024
Local: Centro Cultural São Paulo (rua Vergueiro, 1.000, São Paulo)
Entrada gratuita
FRANCISCO LIMA NETO / Folhapress