SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A USP apresentou à Justiça a justificativa por negar cota a aluno que se autodeclarou pardo para vaga.
A USP disse que a banca concluiu que o candidato tem “pele clara, boca e lábios finos e cabelos raspados”. A justificativa foi apresentada na última quarta-feira (3) à Justiça de São Paulo. O aluno entrou com recurso após ter sido negado como pardo.
Segundo a Universidade, ele não apresentava o conjunto de características fenotípicas de pessoa negra ou parda. A banca também explicou que o cabelo raspado teria dificultado na identificação durante a segunda etapa de avaliação.
A Comissão de Heteroidentificação foi consensual na decisão. A USP defende que o caso de Alison “foi submetido a procedimento bastante criterioso, com múltiplas conferências, bancas diferentes, sistema cego de double checking, possibilidade de recurso administrativo e com exercício do contraditório e da ampla defesa”.
O QUE DIZ A DEFESA DO ALUNO
Defesa defende que os parâmetros utilizados foram “absolutamente subjetivos”. ”Pra nós é evidente o erro de julgamento da comissão e a ausência de razoabilidade em sua decisão’, declarou a advogada Giulliane Jovitta Basseto.
Advogada diz que é fácil identificar Alison com traços de pessoa negra. ”Pele escura, nariz achatado, com o dorso curto, asas da base ainda mais alargadas, assim como narinas maiores e ponta arredondada”, explica.
Defesa ressalta que não há como julgar o aluno como branco quando toda a família tem características da negritude. ”Sua autodeclaração para fins do edital é de pessoa parda, e assim se compreende desde o seu nascimento.”
LUANA TAKAHASHI / Folhapress