USP suspende instalação de grades em seu conjunto residencial após protestos

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O plano de instalar grades para controle de acesso ao Crusp (Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo), a moradia universitária da USP, foi abortado pela reitoria após protestos.

Nas últimas semanas, moradores fizeram vigília na entrada dos blocos para impedir a ação. Durante a ocupação, houve relatos de confrontos entre guardas e estudantes.

A instituição diz que os “intoleráveis atos de violência e a invasão dos blocos provocaram uma situação de complexidade e não previsibilidade quanto à implementação dos controles de acesso à moradia estudantil”. Assim, a instalação dos portões está, por ora, cancelada.

Responsável pela habitação, a Prip (Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento) diz que a obra visava apenas melhorar a infraestrutura do conjunto e promover maior segurança para os universitários.

Os moradores, por sua vez, acusam a USP de planejar a instalação para fazer uma varredura nos apartamentos, nos quais também vivem clandestinos. Das cerca de 1.600 pessoas no Crusp, 300 estão irregulares, segundo a AmorCrusp (Associação de Moradores do Crusp).

Muitos matriculados foram acolhidos ali por outros estudantes por não terem sido contemplados com vaga nos editais da universidade. Também há casos de ex-alunos que seguem no apartamento após conclusão do curso e daqueles totalmente sem vínculo com a universidade que invadiram o espaço.

É defendida pela AmorCrusp a análise caso a caso, sem expulsão compulsória dos ocupantes irregulares.

Quanto à interrupção do projeto após manifestações contrárias, a associação comemora. “Isso representa uma vitória parcial importante do nosso movimento, mas devemos seguir em estado de alerta”, dizem em nota.

A USP afirma não haver relação entre o pretendido novo acesso e o monitoramento de moradores clandestinos. A entrada nos apartamentos, diz, seguirá sem maiores problemas: aluno apresenta carteirinha, e visitantes são anunciados por interfone aos moradores.

BRUNO LUCCA / Folhapress

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