Usuários da cracolândia escalam postes e destroem 11 câmeras de programa da Prefeitura de SP

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As câmeras do Smart Sampa, uma das apostas da prefeitura para conter atos de violência na região da cracolândia, no centro paulistano, estão sendo depredadas.

O Smart Sampa é um programa de monitoramento e reconhecimento facial. Um mês após o início do contrato, que passou a ter validade em agosto, 11 equipamentos fixados no topo de postes foram destruídos, segundo informações do consórcio Smart City SP, vencedor da licitação aberta pela gestão Ricardo Nunes (MDB).

Imagens registradas por testemunhas mostram a técnica usada pelos dependentes químicos para cometer os atos de vandalismo. Eles escalam os postes -que têm cerca de dois metros de altura- e removem os aparelhos com golpes e socos.

As câmeras depredadas tinham sido instaladas nos bairros de Santa Ifigênia e Campos Elíseos. Até esta terça-feira (12), o consórcio contabilizava quatro equipamentos destruídos no cruzamento da avenida Rio Branco com a rua dos Gusmões; três na esquina das ruas Conselheiro Nébias e Gusmões; duas na rua Guaianases, na altura do número 504; e mais duas câmeras depredadas na rua General Osório, 453.

A Secretaria Municipal de Segurança Urbana e o Consórcio Smart City SP ressaltam que os equipamentos já instalados ainda não estão em funcionamento, uma vez que o início da operação do programa está previsto para outubro. O número de câmeras já fixadas não foi informado pela empresa, mas o contrato prevê a instalação de 200 na região central nesta fase preliminar do Smart Sampa.

A secretaria e o consórcio disseram também que estudam a melhor maneira de dificultar o acesso às câmeras, a fim de para evitar novas depredações. Já a Polícia Civil afirma que investiga os fatos.

Nesta quarta-feira (13), o prefeito Ricardo Nunes disse que deverão ser colocadas gaiolas de proteção nas câmeras.

“A instalação das gaiolas foi uma das ideias que a empresa que opera o sistema apresentou. Devem estar iniciando a colocação, mas eu não tenho os detalhes agora. No nosso contrato, se houver depredação, a responsabilidade pela reposição é da empresa. Então, é interesse deles proteger os equipamentos, que são caros”, disse, em entrevista coletiva.

“A quem interessa quebrar as câmeras de segurança da cidade? Interessa ao crime organizado. Ninguém sobe no poste para quebrar algo por prazer. Isso tem nome, endereço e objetivo: são organizações criminosas que querem continuar atuando principalmente ali na cracolândia. E nós vamos fazer esse enfrentamento, eu não vou desistir”, acrescentou Nunes.

Lojistas ouvidos pela reportagem afirmaram que a instalação das câmeras é vista como uma aliada na tentativa de coibir crimes e trazer de volta os clientes que sumiram da região diante da alta quantidade de roubos e furtos. Na avaliação de um dos comerciantes entrevistados, os usuários atacam as câmeras a pedido de pessoas insatisfeitas com o monitoramento facial, como traficantes que atuam na região.

“É inaceitável essa situação. A desordem reina na nossa cidade, onde vândalos podem tudo e ao cidadão de bem resta se prender em casa”, disse Charles Resolve, presidente da Associação Geral do Centro de São Paulo.

De acordo com a pasta da Segurança Urbana, o programa prevê o funcionamento integrado de 20 mil câmeras em toda a capital até 2024, sendo que 3.300 deverão ser instaladas no centro da cidade.

O restante deve ser dividido da seguinte forma: 6.000 equipamentos na zona leste; 3.500 na zona oeste; 2.700 na zona norte; e 4.500 na zona sul.

O custo mensal do serviço é de R$ 9,8 milhões. O consórcio Smart City SP é responsável pela instalação, manutenção e reparação das câmeras.

PAULO EDUARDO DIAS E ISABELA PALHARES / Folhapress

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