SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os corpos de pelo menos 87 pessoas, supostamente mortas em junho no Sudão pelas forças paramilitares, foram enterrados em uma vala comum em Darfur, no oeste do país. Segundo informação divulgada pela ONU nesta quinta-feira (13), mulheres e crianças estavam entre as vítimas.
As Nações Unidas dizem que os paramilitares obrigaram a população local a enterrar os corpos na vala coletiva. Essas vítimas foram assassinadas entre 13 e 21 de junho nos distritos de Al Madaress e Al Jamarek de El Geneina, capital do estado de Darfur, de acordo com o órgão.
Em nota, o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou veementemente “o assassinato de civis e pessoas que não participam dos combates”, assim como se declarou-se “consternado” com a falta de respeito aos mortos.
“Deve acontecer uma investigação imediata, completa e independente sobre os assassinatos, e os responsáveis devem responder por isso”, acrescentou Türk.
Segundo a ONU, entre os mortos estão muitas vítimas da violência que eclodiu após o assassinato do governador de Darfur do Oeste, Khamis Abakar, em 14 de junho, pouco depois de sua prisão pelas Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês).
Após a violência, muitos corpos foram deixados nas ruas por vários dias e testemunhas disseram ao órgão que não foi permitido levar os feridos para hospitais. Alguns morreram por falta de atendimento.
Funcionários do RSF negaram qualquer envolvimento com as mortes. Outra fonte dos paramilitares, não identificada, reiterou que o grupo estava pronto para participar de uma investigação e entregar qualquer uma de suas forças que infringir a lei.
Desde 15 de abril, o conflito no Sudão opõe o general Fatah al-Burhan, do Exército, e o também general Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti, que comanda os os paramilitares. A disputa pelo poder no país africano já matou quase mil pessoas.
O derramamento de sangue motivado por etnias aumentou nas últimas semanas, acompanhando os combates entre facções militares rivais que levaram o país à beira de uma guerra civil. Em El Geneina, testemunhas e grupos de direitos humanos relataram ondas de ataques do RSF e das milícias árabes contra o povo não-árabe Masalit, incluindo tiroteios à queima-roupa.
Cerca de 3 milhões de pessoas foram forçadas a se deslocar internamente desde o início do conflito, enquanto outras 350 mil pessoas tiveram de deixar o Sudão, segundo boletim divulgado pelas Nações Unidas nesta quarta-feira (12). Os países que mais recebem refugiados são Egito, Chade e Sudão do Sul.
Em maio, a ONU alertou que a cifra de deslocados estava criando uma crise humanitária que pode se estender a outras nações. O número de pessoas que fugiu para o exterior é de quase 724 mil, e a marca de deslocados internos passa de 2,4 milhões, segundo a página de dados online da Organização Internacional para as Migrações (OIM), do sistema ONU.
Redação / Folhapress